Entre Pedro Gonçalves e Domingos: os 15 estrangeiros Bola de Prata em Potugal

Manuel de Almeida / Lusa

Entre 1997 e 2020, o maior goleador da I Liga portuguesa foi um estrangeiro, um deles com cinco troféus. Os números mais baixos de sempre pertenceram a Liedson.

Pedro Gonçalves não sabia mas, quando marcou três golos na despedida do campeonato no Sporting-Marítimo, estava a fazer história entre os goleadores portugueses em Portugal: a última vez em que a I Liga terminou com um português a vencer a Bola de Prata foi em 1996.

25 anos passaram desde o feito de Domingos Paciência, que naquela década 1990 tinha sido precedido pelos compatriotas Rui Águas e Jorge Cadete, alguns anos antes. Depois, os estrangeiros dominaram essa lista.

No ano passado Carlos Vinícius marcou 18 golos, tal como Taremi e Pizzi, mas jogou menos e por isso ficou no primeiro lugar. Seferović, que desta vez ficou a um golo do topo, foi o melhor goleador do campeonato há dois anos, com 23 golos.

O Benfica colocou um jogador no topo dos goleadores durante três anos seguidos porque, antes de Vinícius e de Seferović, em 2018 Jonas apontou 34 golos e foi o maior artilheiro – num ano em que o melhor português foi Paulinho, somente no sétimo lugar. Jonas já tinha sido o maior goleador em 2016, com 32 golos, mas pelo meio viu o rival Bas Dost na liderança, com 34 golos.

As três épocas anteriores resumem-se facilmente: Jackson Martínez, goleador do FC Porto que apontou entre 20 e 26 golos entre 2015 e 2012/13, ficando sempre com o troféu.

Cardozo bisou, em 2012 e 2010, respetivamente com 20 (tal como Lima, na altura em Braga) e 26 golos. No ano mágico do FC Porto, em 2011, Hulk foi o maior goleador da prova, apontando 23 golos.

É preciso recuar até 2009 para encontrarmos um Bola de Prata que não jogava num dos três “grandes”. Há mais de uma década o goleador foi Nenê (20 golos), do Nacional. No ano anterior o prémio foi entregue a Lisandro López, do FC Porto, com 24 golos.

Em 2007 e 2005 o goleador do Sporting, Liedson, foi também o melhor do campeonato, com a particularidade de o seu registo em 2007, de apenas 15 golos, ter sido o mais baixo de sempre (e a Bola de Prata já foi criada em 1953).

Regressámos a uma equipa fora dos “grandes”: o Belenenses viu Meyong ser o maior goleador em 2006, com 17 golos. No FC Porto campeão europeu em 2004, brilhou Benni McCarthy, que terminou o campeonato nacional com 20 golos.

Até que, em 2003, Simão Sabrosa terminou a época com 18 golos, o mesmo número de Fary, do Beira-Mar; no entanto o desempate pendeu para o lado de Fary, que assim ficou no primeiro lugar.

Antes, entre 2002 e 1997, tivemos dois claros dominadores: Mário Jardel e o FC Porto. O brasileiro foi o melhor goleador do campeonato português cinco vezes em seis épocas (em só falhou em 2001 porque jogava na Turquia). E, entre 2001 e 1996, foi sempre um jogador do FC Porto a ficar com a Bola de Prata: quatro para Jardel – a quinta foi ao serviço do Sporting – e uma para Pena, que em 2001 aproveitou a tal saída de Mário Jardel para o Galatasaray.

Fica a curiosidade em relação aos países, nestas 24 edições do campeonato dominadas por goleadores estrangeiros: mais de metade (13) vieram do Brasil, sendo que Jardel, Liedson e Jonas, juntos, venceram nove edições da Bola de Prata; a Colômbia (Jackson) subiu ao topo três vezes, o Paraguai (Cardozo) duas, e houve uma vitória cada para Senegal, África do Sul, Camarões, Argentina, Holanda e Suíça.

E fica ainda outra curiosidade: quase nenhum destes goleadores, mesmo os mais recentes, joga em Portugal. As exceções são Pedro Gonçalves e Seferović.

Nuno Teixeira, ZAP //

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