ZAP // António Pedro Santos, António Cotrim / Lusa

No debate desta quarta-feira, Inês Sousa Real acusou o PCP de ter preconceito ideológico com os temas ligados à ecologia. Paulo Raimundo não concorda, mas sublinha que o dinheiro faz falta para outras coisas.
Os líderes da CDU e do PAN estiveram frente a frente, na CNN Portugal, na tarde desta quarta-feira, em debate de pré-campanha para as eleições legislativas de 18 de maio.
Depois de, no debate de segunda-feira Paulo Raimundo ter colado o PS à AD, o líder comunista esclareceu que o PCP está disponível para uma nova geringonça.
“Nós nunca falhámos as soluções”, afirmou. No entanto, Raimundo afirmou que o PS tem que mudar o seu programa porque o programa que tem não responde às necessidades do país” acrescentou.
Quanto a coligações do PAN, Inês Sousa Real diz que o partido “coloca as causas no centro do debate político”. No entanto, afastou-se da AD.
“Já deixei claro que será muito difícil haver qualquer tipo de convergência ou compromisso político com a AD de Luís Montenegro quando sabemos os recuos que fez na proteção animal.”
Mais à frente, Paulo Raimundo e Inês Sousa Real divergiram na questão dos benefícios às empresas.
Sobre o IRC, a líder do PAN disse que “não diaboliza as empresas”. Por essa razão, defende que a descida do IRC para as empresas que podem contribuir para a economia. Por outro lado, propõe também acabar com as “borlas fiscais” e aumentar a fiscalização às empresas que mais poluem.
O comunista não concordou e desvalorizou a questão ecológica: “O orçamento entregou 400 milhões de euros em benefícios fiscais às grandes empresas – as tais dos 32 milhões de euros de lucro por dia, independentemente das práticas sociais e ambientais (…) Esse dinheiro fazia falta para outras coisas“.
Mandando uma ‘bicada’ aos comunistas, a líder do PAN disse não ter preconceito ideológico em relação aos jovens que querem comprar casa própria. Propôs rever o IRS jovem e garantir um regime bonificado de crédito para os jovens.
Com uma posição mais ‘pessimista’, Raimundo afirmou que “quantos mais benefícios, mais condições se dá à banca para continuar a subir“.
“Não é para a banca, é para as pessoas”, ripostou Sousa Real.
Mais “preconceito ideológico”
Mesmo que Paulo Raimundo tenha insistido que as preocupações ambientais fazem parte do programa do PCP, Inês Sousa Real continuou a acusar os comunistas de preconceito ideológico.
Inês Sousa Real recordou que o PCP votou contra a avaliação de impacto ambiental do aeroporto: “Há que ser coerente, não basta pôr um pin na lapela para dizer que sou ecologista“.
Nas touradas, ambos os partidos também divergem, mas Raimundo justificou-se: “Há coisas que não podemos resolver nem por decreto nem à força“.
“Há uma história do país sobre isso. Estamos a falar de uma tradição, independentemente da nossa avaliação sobre ela, e as tradições só podem ser resolvidas por quem as cria. E o povo que as criou vai acabar com elas, é tudo uma questão de tempo”, concluiu.