A controvérsia sobre se a região mais alta do mundo, o Tibete, cresceu durante o passado geológico recente tem permanecido sem resposta. Agora, uma investigação da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca, indica que o “Telhado do Mundo” parece ter crescido até 600 metros.
O planalto tibetano, localizado a mais de quatro quilómetros acima do nível da água do mar, é o maior e mais alto planalto da Terra.
A grande maioria dos cientistas concorda com os traços gerais da formação do Tibete, mas há detalhes que têm permanecido um enigma, nomeadamente se o planalto tibetano cresceu após a sua formação.
Segundo o Massive Science, reconstruções dos movimentos do planalto e provas estratigráficas sugerem que cresceu abruptamente entre há 20 e 10 milhões de anos. Depois disso, terá crescido gradualmente.
No entanto, quando os cientistas utilizaram os registos fósseis e isotópicos tibetanos para reconstruir a paleolatitude da região, não encontraram qualquer evidência de ganho de elevação. As evidências fósseis indicam que o Tibete pode mesmo ter-se afundado até um quilómetro.
Agora, Giampiero Iaffaldano, da Universidade de Copenhaga, pensa ter encontrado uma forma de interpretar estas evidências aparentemente contraditórias.
De acordo com o geólogo, para as entender, é necessário olhar para o fundo do mar, uma vez que preserva registos do campo magnético da Terra que podem ser utilizados para reconstruir o movimento da crosta terrestre.
Iaffaldano utilizou-os para restringir o movimento da Índia durante a formação do Tibete.
Com uma melhor ideia de como os movimentos das placas decorreram nas últimas dezenas de milhões de anos, o geólogo conseguiu calcular a força que a placa indiana pode ter sofrido ao entrar na Eurásia.
Ao comparar o resultado com as estimativas de outros cientistas sobre a quantidade de força necessária para o aumento da altitude, determinou que o Tibete terá subido – mas não muito.
“Olhando para dados mais antigos do Tibete e combinando-os com novos dados geológicos do Índico, estamos bastante certos de que houve uma grande mudança geológica há cerca de 15-18 milhões de anos, uma mudança que fez com que a vasta área se elevasse entre 300 e 600 metros“, explicou.
O modesto ganho de altitude não seria suficiente para que os registos de paleoaltimetria fossem resolvidos com precisão. Se Iaffaldano estiver certo, ambas as evidências aparentemente contraditórias podem ser acomodadas numa história unificada.
O artigo científico foi publicado recentemente no Geophysical Journal International.