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Engenheiro despedido da Google por sexismo ganha emprego na WikiLeaks

wheelzwheeler / Flickr

Julian Assange, fundador da WikiLeaks: a censura é para os perdedores

Foi despedido o funcionário da Google que defendeu, num documento interno, que as desigualdades laborais entre homens e mulheres se devem a diferenças biológicas. Mas já ganhou um novo emprego na WikiLeaks.

O texto do engenheiro de software despedido da Google argumenta que a ausência de mulheres nos altos cargos de empresas de tecnologia ocorre devido a “diferenças biológicas” entre homens e mulheres, cita a BBC.

O memorando com estas ideias foi publicado num fórum interno da Google pelo funcionário James Damore, engenheiro de software, mas acabou por ser divulgado pela comunicação social.

A Google avançou, então, com o despedimento do funcionário, alegando que violou o código de conduta da empresa, conforme explica o director executivo da gigante tecnológica, Sundar Pichai, num email enviado aos empregados, segundo citam vários órgãos de informação norte-americanos.

No texto polémico, Damore escreve ainda que é preciso “parar de assumir que as lacunas de género implicam sexismo“. O documento foi bastante criticado, mas, segundo o autor, recebeu “muitas mensagens privadas” de apoio de colegas da Google.

Quem o apoia publicamente é Julian Assange, o polémico fundador do site WikiLeaks que critica a Google, notando, numa publicação no Twitter, que “a censura é para os perdedores” e oferecendo emprego ao engenheiro despedido.

Assange está refugiado na Embaixada do Equador, em Londres, há cinco anos, tentando evitar a extradição para os EUA, onde é acusado de espionagem, e depois de ter enfrentado um pedido de extradição para a Suécia, entretanto retirado, no âmbito de uma acusação de violação.

Desigualdade explicada por “causas biológicas”

O artigo de James Damore foi divulgado na íntegra pelo site de tecnologia Gizmodo que não revela como teve acesso ao documento, nem aponta o nome do funcionário envolvido.

James Damore foi, entretanto, identificado como o autor do texto que refere que “as capacidades de homens e mulheres são diferentes, em parte, devido a causas biológicas”, diferenças essas que “podem explicar porque não vemos uma representação igual de mulheres na tecnologia e na liderança“, conforme escreve.

O engenheiro acrescenta que, geralmente, as mulheres “preferem trabalhos em áreas sociais e artísticas”, enquanto há “mais homens que se interessam por programação de computadores”.

Google investigada por pagar menos às mulheres

A divulgação do documento causou grande alvoroço, tanto mais numa altura em que a Google enfrenta uma investigação do Departamento de Trabalho dos EUA, sob suspeitas de discriminação salarial, uma vez que pagará menos às mulheres do que aos homens, em cargos semelhantes.

Assim, a Google agiu prontamente a despedir o funcionário. E a recém nomeada vice-presidente da Google para a diversidade e integridade, Danielle Brown, enviou um email a todos os trabalhadores da empresa, que é divulgado pelo site Motherboard, onde vinca a condenação de James Damore.

“Acreditamos de forma inequívoca que a diversidade e a inclusão são importantes para o nosso sucesso enquanto empresa”, salienta.

Nas redes sociais, várias mulheres, nomeadamente funcionárias da Google e ex-funcionárias de empresas de tecnologia, criticaram o documento e desabafaram sobre as atitudes sexistas que têm vivido no mercado de trabalho, de uma forma geral.

Um relatório sobre diversidade publicado pela Google, em Junho de 2017, mostrou que 69% da força de trabalho é de homens e 56% de brancos. As mulheres preenchem apenas 25% dos postos de liderança e 20% dos empregos técnicos, tais como a programação de computadores.

ZAP // BBC

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