Uma equipa internacional de cientistas espaciais encontrou novas evidências de um impacto de meteorito em baixa altitude que atingiu a camada de gelo da Antártida há 430 mil anos.
Partículas extraterrestres – esférulas de condensação – recuperadas no cume de Walnumfjellet, nas Montanhas Sør Rondane, Queen Maud Land, no leste da Antártida, indicam um impacto incomum, onde um jato de material meteorítico derretido e vaporizado, resultante da entrada atmosférica de um asteróide com pelo menos 100 metros, atingiu a superfície em alta velocidade.
Este tipo de explosão causada por um impacto de um único asteróide é descrito como intermediário, uma vez que é maior do que uma explosão de ar, mas menor do que um evento de cratera de impacto.
As partículas extraterrestres examinadas foram encontradas durante a expedição de Meteoritos Antárticos Belgas (BELAM) 2017-2018 baseada na Belgian Princess Elisabeth Antarctica Research Station e financiada pela Política Científica Belga (Belspo).
O principal volume condrítico, a química do oligoelemento e o alto teor de níquel dos detritos demonstram a natureza extraterrestre das partículas recuperadas.
Os seus marcadores isotópicos de oxigénio únicas indicam que interagiram com o oxigénio derivado do manto de gelo da Antártida durante a sua formação na pluma de impacto.
Segundo a equipa liderada por Matthias van Ginneken, do Centro de Astronomia e Ciências Planetárias da Escola de Ciências Físicas, os resultados indicam que este foi um impacto muito mais perigoso que os eventos de Tunguska e Chelyabinsk sobre a Rússia em 1908 e 2013, respetivamente.
Esta investigação é uma importante descoberta para o registo geológico onde as evidências destes eventos são escassas devido à dificuldade em identificar e caracterizar as partículas de impacto.
O estudo destaca ainda a importância de reavaliar a ameaça de asteróides de médio porte, uma vez que é provável que eventos semelhantes produzam partículas semelhantes.
Este evento seria destrutivo numa grande área, correspondendo à área de interação entre o jato quente e o solo.
“Embora os eventos não ameacem a atividade humana se ocorrerem sobre a Antártida, se ocorressem acima de uma área densamente povoada, resultariam em milhões de vítimas e graves danos em distâncias de até centenas de quilómetros”, disse van Ginneken, em comunicado.
Este estudo foi publicado no fim de março na revista científica Science Advances.