Uma equipa de cientistas descobriu numa mina de ouro na África do Sul grafeno em estado natural, incrustado em rochas com mais de 3.2 mil milhões de anos.
Foi descoberto grafeno em estado natural. A substância super-resistente, constituída por uma única camada de carbono, é conhecida pelas suas impressionantes propriedades eletrónicas e considerada um “material maravilha“.
Apesar de ter sido descoberto em 2004, a produção em massa de grafeno tem sido um desafio devido às altas temperaturas necessárias.
Segundo a New Scientist, o grafeno natural foi encontrado por uma equipa liderada por Yoko Ohtomo, investigadora da Universidade de Hokkaido, no Japão, na chamada Barberton Greenstone Belt, uma região rica em ouro da África do Sul.
Esta descoberta pode abrir caminho a novos métodos de produção mais eficientes em termos energéticos, uma vez que o grafeno natural parece ter-se formado a temperaturas inferiores a 300°C.
A equipa analisou 24 amostras de rocha da mina de ouro de Sheba usando um microscópio eletrónico, tendo identificado estruturas de carbono invulgares, incluindo finos filamentos de carbono e flocos à escala de micrómetros.
Segundo os investigadores, este grafeno natural forma uma película extremamente fina em torno de nanopartículas cristalinas maiores, no interior das rochas.
Uma análise espectroscópica ao material encontrado revelou níveis elevados de um isótopo de carbono com origem biológica, o que sugere que o carbono presente no grafeno provém de bactérias próximas da superfície do oceano.
Após estas bactérias morrerem e descerem ao fundo do mar, é provável que tenham sofrido reações químicas com subprodutos de hidróxido de ferro oceânico para criar compostos com carbono, explicam os cientistas.
Estes compostos, sob alta pressão e temperaturas elevadas, transformaram-se então em formas exóticas de carbono, incluindo o grafeno natural.
Yoko Ohtomo salienta que são necessários mais estudos para compreender completamente as propriedades únicas da estruturas de grafeno que ocorrem naturalmente.
As descobertas da equipa podem conduzir a novas e mais eficientes formas de produzir este material versátil, expandindo as suas potenciais aplicações na indústria eletrónica, e outros sectores.