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Os físicos encontraram finalmente uma parte perdida do Universo

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ESA / NASA

Um grupo internacional de cientistas afirma ter encontrado uma parte perdida do Universo, os bariões. Até agora, os cientistas só tinham conseguido localizar cerca de dois terços dessa matéria, criada pelo Big Bang.

Bariões são partículas subatómicas formadas por três quarks e são um dos constituintes fundamentais da matéria. Os protões e os neutrões – que compõem os núcleos atómicos – são bariões.

Os físicos que estudam a história antiga do Universo sabem a quantidade de matéria que compõe os bariões, criados durante o Big Bang. Por sua vez, os cientistas que estudam o Universo moderno sabem também a quantidade de matéria bariónica que os humanos conseguem ver através de telescópios.

No entanto, até há pouco tempo, estes números não batiam certo: um terço de matéria bariónica estava desaparecida. Até que finalmente, graças à perspicaz observação de um buraco negro incrivelmente brilhante, os físicos encontraram essa parte perdida da matéria do Universo.

Para encontrar os bariões perdidos, os investigadores observaram a luz proveniente de uma fonte localizada a milhares de milhões de anos-luz: o quasar 1 ES 1553, um buraco negro no centro de uma galáxia que consome e emite enormes quantidades de gás.

A observação permitiu aos cientistas descobrirem vestígios de oxigénio altamente ionizado, que se encontra entre o quasar e o nosso Sistema Solar, com uma densidade suficiente para representar 30% da matéria comum, se for extrapolado para todo o Universo.

“Concluímos que os bariões perdidos foram encontrados”, pode ler-se no estudo, publicado esta quinta-feira na revista científica Nature, liderado por Fabrizio Nicastro, cientistas do Instituto Nacional de Astrofísica de Itália.

Os cientistas suspeitam, desde 2011, que os bariões ausentes podiam estar escondidos neste mesmo material, conhecido como WHIM, sigla inglesa para Warm-Hot Intergalactic Medium, ou meio intergaláctico quente.

Apontar um telescópio para um quasar não só esclarece os astrónomos sobre o objeto em si, como releva algo sobre o que quer que seja que esteja a flutuar entre o quasar e o telescópio. Neste caso, esse “algo” era um filamento de WHIM.

Através de uma observação cuidadosa de como o WHIM alterou – e escureceu – a luz que emanava do quasar à medida que entrava nas lentes dos telescópios, os cientistas conseguiram descobrir do que é que o WHIM era feito. A resposta era oxigénio, aquecido a quase 1 milhão de graus Celsius.

Estes bariões perdidos não são a mesma coisa que matéria escura, que os cientistas acreditam existir graças à influência gravitacional noutras estrelas. Esse tipo de matéria pode existir, mas na forma de partículas muito mais exóticas do que simples bariões.

Ao mesmo tempo, há cientistas que advertem para as conclusões precipitadas, isto é, tirar conclusões definitivas com base nesta única observação pode ser demasiado prematuro.

Jessica Rosenberg, professora na Universidade George Mason, refere que, embora se trate de um resultado promissor, extrapolar os resultados de uma única fonte de luz para explicar toda a matéria desaparecida não é correto. Missões futuras terão como objetivo continuar as observações, desta vez de outras fontes de luz.

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