Da cortiça ao vinho, empresas portuguesas sofrem com sanções à Rússia

Algumas empresas portuguesas ainda conseguem receber pagamentos vindos da Rússia, mas as perspetivas das exportações não são as melhores.

O setor da cortiça está em terceiro lugar, segundo dados da AICEP, no que toca às exportações portuguesas para a Rússia. As sanções económicas aplicadas a Moscovo após a invasão à Ucrânia podem não só prejudicar o país de Vladimir Putin, mas também as empresas portuguesas que lá fazem negócio.

As exportações portuguesas de cortiça para aquele mercado estavam já a cair 30%, disse João Rui Ferreira, responsável da Associação Portuguesa de Cortiça (APCOR), à agência Lusa. A situação atual não é um bom presságio do que vem daqui em diante.

A Corkart, empresa portuguesa especializada no fabrico de pavimentos e revestimentos de paredes em cortiça, demorou uma década para entrar no mercado russo com sucesso.

Embora continue a receber pagamentos e as vendas até tenham disparado assim que rebentou o confronto, o CEO da Corkart, Gonçalo Neves, diz que não sabe o que esperar.

“Não sei o que vai acontecer. Temos algum stock no nosso armazém, para dois ou três meses, e, de momento, todos os navios estão suspensos. Nem existe via marítima. Pelo que sei, ficará assim até final de março”, disse Gonçalo Neves ao semanário NOVO.

“Agora que tudo parecia estar estabilizado, vem esta guerra com a Ucrânia”, acrescentou o CEO da empresa. “Quanto à Corkart Russia, teremos de aguardar para ver o que vai acontecer e se podemos regressar à normalidade. Não existindo condições, teremos de ponderar suspender a atividade da empresa”.

A Corkart Russia é a empresa para distribuição da marca, montada em São Petersburgo.

O vinho é também um mercado exposto às sanções económicas à Rússia. Em 2021, as exportações diretas foram de cerca de 11 milhões de euros, mas calcula-se que o total ronde os 35 milhões de euros.

Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal – Associação Interprofissional do Vinho, revela ao semanário que tinha planeado investir 165 mil euros nos mercados da Rússia e da Ucrânia. Esta verba “será canalizada para mercados alternativos, como o Canadá, Estados Unidos e Brasil”.

Como há bancos na Rússia que não estão bloqueados pelo SWIFT, alguns clientes ainda conseguem fazer pagamentos às empresas portuguesas.

O ritmo das encomendas baixou, mas os importadores russos continuam a manifestar vontade de importar vinhos de Portugal, diz o administrador da Viniverde e da Adega Ponte da Barca e Arcos de Valdevez, José Oliveira.

No entanto, o interesso no mercado português pode cair devido à desvalorização do rublo, que vai encarecer o vinho nacional ao importador.

Algumas exportações para a Rússia estão também congeladas devido ao conflito. “O transporte foi todo tratado pelo importador. Não sei pormenores de como vai conseguir chegar à Rússia”, disse ainda José Oliveira ao NOVO.

ZAP //

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