Paula Amorim, accionista e administradora na Galp e no Grupo Américo Amorim, elogia e critica a classe empresarial portuguesa, considerando que tem “competência”, mas que lhe falta “ousadia” por receio de “represálias” políticas.
Aquela que foi considerada pela Forbes em 2023, a mulher portuguesa mais poderosa no mundo dos negócios participou na conferência “Business RoundTable 2024: Portugal: o país onde vais querer estar” que decorreu na Nova Business School.
O Jornal de Negócios esteve presente no evento e cita Paula Amorim a elogiar a classe empresarial portuguesa, considerando que é “muito competente” e que tem “qualidade” e empresários “extremamente capacitados e dedicados”.
“Temos imensas competências, fazemos do melhor que há no mundo, portanto é um pouco triste, às vezes, ver realmente isto tudo reduzido”, apontou a empresária, segundo o Negócios.
Contudo, Paula Amorim também lamentou que os empresários portugueses continuam a ser “um bocadinho conservadores, previsíveis e aborrecidos”. Para a herdeira do império Amorim, deveriam ser “um pouco mais ousados”.
A administradora do Grupo Américo Amorim reforçou que os empresários são “avessos ao risco” e considerou que isso pode estar “relacionado com uma sensação de represália por parte do poder político“.
“É muito importante uma maior ousadia, correr riscos, ter mais ambição, mais abertura”, notou ainda, frisando que “há muito trabalho a fazer por parte dos empresários”, conforme cita o referido jornal.
Um recado aos políticos
Paula Amorim deixou ainda um recado aos políticos, alertando-os de que se devem “focar menos nos votos e na perpetuação do poder e mais em estratégias de longo prazo“. Além disso, pediu “muita transparência e clarificação na comunicação” política.
“Passámos por uma fase má para o país, durante o qual existia uma certa classe de ‘entrepreneur’ com alguns comportamentos parasitas promovidos socialmente, quer pelo poder político, quer pelas instituições, quer pelos meios financeiros”, destacou também a empresária, ainda segundo o Negócios.
Houve “muito tempo de falta de supervisão de muitas instituições a quem é devido o dever de supervisão”, salientou também, concluindo que tudo isso levou o país a “um caos”, com “determinados episódios e momentos que foram tomados como o normal para a classe política e empresarial”.