A Emergent BioSolutions contaminou cerca de 15 milhões de doses da vacina da Johnson & Johnson. No ano passado, os seus gestores receberam bónus chorudos.
Trabalhadores da Emergent BioSolutions, uma fábrica em Baltimore, Washington, que estavam a fabricar duas vacinas contra o coronavírus, misturaram acidentalmente os ingredientes, contaminando até 15 milhões de doses da vacina da Johnson & Johnson.
O The New York Times escreve que a empresa deu centenas de milhares de dólares em bónus aos seus principais gestores no ano passado. A direção até elogiou o seu fundador e presidente por “alavancar os seus relacionamentos com os principais clientes, Congresso e outras partes interessadas”.
O Governo norte-americano assinou um contrato com a Emergent, no valor de 628 milhões de dólares, para a produção de vacinas contra a covid-19. Embora ainda não tenha recebido nenhuma dose, o Governo já pagou 271 milhões à empresa.
Documentos internos, citados numa outra reportagem do jornal norte-americano, mostram repetidas violações dos padrões de fabrico na filial de Baltimore. Entre elas, falha em desinfetar adequadamente a fábrica e proteger contra contaminação de lotes de vacinas.
Em junho de 2020, um relatório já mostrava que a empresa carecia de pessoal habilitado e sistemas adequados de controlo de qualidade.
Além disso, o painel administrativo da Emergent deu classificações de desempenho de topo aos gestores que ocupam cargos de liderança, incluindo o fundador da empresa, Fuad El-Hibri, e o seu CEO, Robert G. Kramer.
“Reconhecemos que o nosso papel em ajudar a nação a responder e, esperançosamente, a acabar com a pandemia de covid-19 é uma responsabilidade profunda e única, diferente de qualquer outra que já enfrentamos”, disse um porta-voz da empresa, esta quarta-feira.
Kramer recebeu um bónus em dinheiro de 1,2 milhões de dólares, após a Emergent concluir que ele “superou significativamente as expectativas”. Três dos vice-presidentes executivos da empresa receberam bónus que variam de 445 mil a 462 mil dólares cada.