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Em mais uma polémica, Berlusconi acusa alemães de negar campos de concentração

Downing Street / Flickr

Sílvio Berlusconi

Sílvio Berlusconi

O antigo primeiro-ministro italiano Sílvio Berlusconi declarou que os alemães consideram que os campos de concentração nunca existiram, uma declaração com que pretendeu atacar o candidato à presidência da Comissão Europeia Martin Schulz e que gerou polémica.

Sílvio Berlusconi, que falava perante ativistas, recordou um episódio de 2003, quando foi contestado no Parlamento Europeu e, na resposta, aconselhou o alemão Martin Schulz – atualmente presidente daquele órgão europeu – a assumir o papel de “Kapo” (chefe da guarda) em filmes sobre os campos de concentração nazistas.

“Eu não queria insultar, mas isto causou um escândalo, porque, para os alemães, os campos de concentração nunca existiram. Aqueles de Katyn [campo soviético onde foram massacrados milhares de polacos] sim, mas os [campos] alemães não”, afirmou o ex-primeiro-ministro, numa declaração que está a ser vista como uma ‘gaffe’ e a motivar críticas.

“Há este senhor que se chama Schulz, a quem eu fiz involuntariamente uma campanha extraordinária, um senhor que não simpatiza nem com Berlusconi nem com Itália. Votar na esquerda é votar nele”, afirmou hoje Berlusconi, a propósito do candidato do Partido Socialista Europeu (PSE) à Comissão Europeia.

As declarações do antigo governante italiano foram imediatamente condenada pelo presidente do PSE, Sergei Stanichev, que as classificou de “desprezíveis”, apelando aos dirigentes do Partido Popular Europeu (PPE), a que pertence a formação de centro-direita de Berlusconi, Forza Italia, e ao candidato à presidência da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, para que as repudiem.

“Estes comentários são um insulto ao povo alemão, não apenas a Martin Schulz. É também uma tentativa cínica para distrair [os eleitores] dos verdadeiros problemas, que são a necessidade de aumentar o emprego e o crescimento na Europa”, acrescentou.

A afirmação de Berlusconi tem sido vista como uma ‘gaffe’ pela imprensa italiana e nos círculos políticos.

O chefe da delegação do Partido Democrático (centro-esquerda) ao Parlamento Europeu, David Sassoli, atribuiu a frase a “uma elevada taxa de alcoolemia”.

“Depois de declarações tão delirantes, como é que os membros da Forza Italia farão para serem bem-vindos no Parlamento Europeu e para trabalhar com os representantes da Alemanha democrática, nascida nas cinzas dos campos de concentração nazistas?”, questionou.

Por outro lado, o conselheiro político do ex-governante italiano, Giovanni Toti, criticou que “toda a ocasião seja boa para atacar Silvio Berlusconi”.

/Lusa

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