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Decisão histórica pode levar australiano à prisão por assédio no Facebook

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Tinder

Olivia Melville

Olivia Melville

Um violento caso de assédio e ameaça pelo Facebook, ocorrido no ano passado na Austrália, caminha para um final histórico: a prisão.

Em agosto passado, a foto do perfil de Olivia Melville no Tinder tornou-se viral. Na bio do perfil, um verso de uma música do rapper Drake: “The type of girl that will suck you dry and then eat some lunch with you”.

Chris Hall, um barman de 31 anos, partilhou a foto no Facebook, com o comentário: “Stay classy ladies. I’m surprised she’d still be hungry for lunch” (“Continuem elegantes, meninas. Surpreende-me que ela ainda continue com fome para o almoço”, em tradução livre).

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Foto de Olivia no Tinder e respectivas reações no Facebook

Foto de Olivia no Tinder e respectivas reações no Facebook

As consequências imediatas para a jovem foram extremas, tendo recebido uma série de ofensas e ameaças de violação.

Alguns homens – especialmente um, chamado Zane Alchin – decidiram espalhar o horror no perfil de Olivia.

Uma amiga de Olivia, no entanto, denunciou o agressor à polícia.

Diante das provas irrefutáveis, esta semana Zane Alchin declarou-se culpado das acusações de “utilizar um serviço de comunicação para ameaçar, assediar ou ofender”.

O arguido afirmou que estava bêbado na altura em que fez os comentários – cerca da meia-noite e meia de 25 de agosto de 2015 – e que os comentários não representam as suas opiniões.

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Alguns excertos das ameaças e ofensas: "Suas putas, merecem voltar para os anos 1950 para aprenderem os seus papéis e calarem a boca"; "São pessoas como tu que deixam claro porque é que as mulheres não devem ter direitos"; "Tu provas que a boca de uma mulher só serve para ser fodida até que a mulher fique azul e depois receber o sémen de um homem na cara".

Alguns excertos das ameaças e ofensas: “Suas putas, merecem voltar para os anos 1950 para aprenderem os seus papéis e calarem a boca”; “São pessoas como tu que deixam claro porque é que as mulheres não devem ter direitos”; “Só provas que a boca de uma mulher só serve para ser fodida até que a mulher fique azul e depois receber o sémen de um homem na cara”.

Paloma Brierley Newton, porta-voz do grupo ativista Sexual Violence Won’t be Silenced (violência sexual não pode ser silenciada), afirmou ao news.com.au que ficou chocada com a declaração do arguido.

“Declarar-se culpado é uma coisa, mas admitir que ele de facto fez algo errado é outra coisa”, afirmou a advogada. “Gostava de o ouvir a pedir desculpas pelo que disse, em vez de sentir pena por ter sido apanhado”.

Zane Alchin pode ser condenado a até três anos de prisão. A sentença é conhecida a 29 de julho.

A esperança é que a condenação de Zane se transforme num paradigma para o resto do mundo, e que o “slut shaming” e ameaças deixem de ser comuns e tratadas como banalidades.

De acordo com um relatório da ONU sobre desenvolvimento digital, 73% das mulheres a nível global já sofreram algum tipo de assédio ou violência online.

“Ao declarar Zane Alchin como culpado de um crime, isto põe um fim a repercussões do género ‘É só na Internet, não é nenhum crime‘”, afirmou Paloma Brierley Newton. “Isto é um crime. Somos todos protegidos por lei. Não devemos ser assediados nem vitimizados em lado nenhum, não interessa em que meio”.

Em setembro do ano passado, o governo australiano anunciou um pacote de 70 milhões de dólares (62,6 milhões de euros) para a luta contra a violência doméstica e familiar, que em 2015 foi responsável pela morte de mais de 60 mulheres.

A ministra da Mulher, Micaelia Cash, afirmou que a decisão tinha como objetivo fazer com que as mulheres se sintam seguras “em casa, na rua e na Internet”.

A governante sublinhou a importância de uma mudança de mentalidades no país, recordando que 25% dos jovens australianos consideram justificável que um homem que tenha bebido bata numa mulher.

AF, ZAP / Hypeness

4 Comments

  1. Isto é ridículo… simplesmente patético. Isto está nem mais nem menos do que ao nível daquela estupidez de há algum tempo de quererem criminalizar o “piropo”.

    Entenda-se… Eu sou totalmente a favor de equivalência de direitos de ambos os sexos. Sou 101% contra a violência, seja ela doméstica, vadía, física, psicológica, de homem pra mulher ou de mulher para homem. Mas… desde quando é que uma pessoa não tem liberdade de expressão agora para dizer o que pensa sobre os direitos das mulheres ou sobre o que ela escreve na internet?

    Não há dúvida… O gajo foi ofensivo, ameaçador e insultuoso. Como tal a única punição que se aplica, é a mesma de eu ir na rua, irritar uma gaja e ela responder: “Se eu soubesse onde tu moras, fazia-te a folha.. És asqueroso, devias ser sodomizado por um toiro enraivecido! ” – ou seja isto sería no máximo caso para uma multa por ofensa e danos morais.

    Três anos de cadeia?.. Depois admiram-se das reacções inversas…

  2. Não andará talvez a justiça um pouco zeladora em demasia? É que pelos vistos a uns dá o direito de pôr na internet as fotos que muito bem entendem em forma de promoção ou assédio, depois se sofrem comentários mais ou menos escaldantes fingem-se ofendidas e aproveitam a parcialidade da justiça para daí tirarem proveito, faz-me isto recordar por exemplo uma secretária que pratica sexo com um presidente e que a dada altura decide denunciá-lo para daí tirar proveito monetário e temos muitos casos idênticos.

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