A comissária europeia indigitada Elisa Ferreira decidiu esta quinta-feira “dar ordem de venda” às ações que detém no grupo Sonae, após as questões levantadas pela comissão de Assuntos Jurídicos do Parlamento Europeu quanto a um eventual conflito de interesses.
“Perante questões levantadas sobre a detenção de ações da Sonae SGPS, a comissária indigitada decidiu hoje dar ordem de venda, o que deverá ser concretizado durante o dia”, indicou a equipa de Elisa Ferreira, em comunicado enviado à agência Lusa.
Esta manhã, a comissão de Assuntos Jurídicos do Parlamento Europeu levantou questões por a anterior vice-governadora do Banco de Portugal deter ações no grupo Sonae, pedindo esclarecimentos adicionais. As reservas dos eurodeputados ficariam ultrapassadas se Elisa Ferreira decidisse desfazer-se das ações que detém da Sonae, o que a futura comissária decidiu fazer.
A comissão parlamentar não encontrou, contudo, um conflito de interesses entre a pasta que a comissária designada por Portugal irá tutelar – a da Coesão e Reformas – e o cargo ocupado pelo marido, Fernando Freire de Sousa, que é presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), uma entidade responsável pela aplicação de fundos comunitários.
Na nota enviada à Lusa, a equipa da política portuense indica que Elisa Ferreira, “consciente da existência de uma proximidade operacional entre o pelouro para o qual foi indicada pela presidente eleita da Comissão e o cargo exercido em Portugal pelo seu marido, funcionário público”, solicitou “aconselhamento aos serviços da Comissão Europeia sobre a matéria e sobre possíveis medidas adequadas”, uma informação que já tinha sido avançada hoje pela porta-voz do executivo comunitário, Mina Andreeva.
“A comissária indigitada está totalmente consciente das regras estritas sobre conflitos de interesses existentes para os membros do Colégio de Comissários e do Regulamento Financeiro da União Europeia, as quais encara com a maior seriedade”, sublinha.
O comunicado afirma que, em todos os cargos públicos desempenhados ao longo da sua carreira, Elisa Ferreira pautou “sempre a sua acção pelo respeito dos mais elevados padrões éticos e deontológicos e tenciona aplicar os mesmos princípios no desempenho do cargo para o qual foi indigitada na Comissão Europeia”.
O CCDRN é uma das entidades responsáveis pela aplicação dos fundos estruturais, sendo que a região Norte é uma das que recebe a maior fatia dos fundos em solo português.
Elisa Ferreira poderá ser a primeira mulher portuguesa a integrar o Executivo comunitário desde a adesão de Portugal à União Europeia e sucederá a Carlos Moedas, comissário que teve a seu cargo a pasta da Investigação, Ciência e Inovação.
ZAP // Lusa