Empresa finlandesa transforma CO2 em proteína comestível (com o sabor que quiser)

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A startup finlandesa Solar Foods criou uma nova proteína natural em pó, que pode resolver os problemas ambientais causados pela indústria de produção alimentar. Tem o perfil nutricional da carne seca, e o sabor que quiser.

O mundo está a debater-se com as alterações climáticas e o aumento da população. A agricultura vegetal e animal tradicional tem-se esforçado para acompanhar o ritmo, agravando frequentemente os problemas ambientais.

Como tal, são necessárias soluções para a produção alimentar. Uma dessas soluções vem da startup finlandesa Solar Foods, que desenvolveu um produto inovador chamado Solein.

Este pó nutritivo, semelhante a carne seca no seu perfil nutricional, poderá revolucionar a produção alimentar.

O Solein contém todos os aminoácidos essenciais, fibra alimentar e uma série de vitaminas vitais.

A sua produção requer apenas uma fração da energia utilizada na agricultura convencional, tem uma pegada ambiental mínima e pode, teoricamente, proporcionar um fornecimento infinito de alimentos utilizando apenas eletricidade e ar.

Pode parecer ficção científica, mas o Solein já está a ser produzido e poderá estar disponível para os consumidores até ao final do ano, escreve o Interesting Engineering.

Pasi Vainikka, cofundador e CEO da Solar Foods, explica que a inspiração veio de um microorganismo que utiliza hidrogénio em vez de açúcar para metabolizar o dióxido de carbono.

A equipa percebeu que a eletricidade poderia gerar o hidrogénio necessário, permitindo que estes organismos produzissem alimentos a partir da água e do ar. “Se os organismos fossem comestíveis, poderíamos converter a eletricidade em alimentos”, diz Vainikka.

A empresa investiu mais de 42 milhões de euros na construção da sua primeira fábrica de biomassa, a Fábrica 01, que serve como prova de conceito. Esta instalação alberga um tanque de fermentação de 20 mil litros capaz de produzir 160 toneladas de biomassa comestível por ano, o suficiente para seis milhões de refeições.

O processo envolve o crescimento de micróbios oxidantes de hidrogénio em tanques de fermentação. Estes micróbios utilizam o hidrogénio dissolvido e o dióxido de carbono, reproduzindo-se rapidamente e produzindo uma biomassa rica em proteínas, fibras, gorduras e vitaminas. Esta biomassa é depois seca até se tornar um pó fino.

Os benefícios ambientais são significativos, uma vez que a agricultura é um dos principais contribuintes para a perda de habitats e para as emissões de gases com efeito de estufa.

A agricultura animal industrializada é particularmente prejudicial, sendo responsável por 80% do impacto ambiental do sistema alimentar. O processo de produção da Solein utiliza apenas 1% da energia necessária para a mesma quantidade de alimentos provenientes da pecuária industrial.

Embora o consumo de energia continue a ser uma preocupação para aumentar a produção, o impacto ambiental global do Solein é muito inferior ao da agricultura tradicional.

Até 2026, a empresa pretende operar uma instalação com vários fermentadores, cada um com uma capacidade de 200 metros cúbicos ou mais.

A Solar Foods está concentrada agora em aperfeiçoar o sabor e a textura do Solein. A empresa investiu mesmo num restaurante na sua fábrica para permitir aos clientes provar produtos feitos com Solein, como o gelado, que já está a ser servido num restaurante com estrela Michelin em Singapura.

ZAP //

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