O Egito solicitou à Interpol, na segunda-feira, a localização da escultura do faraó Tutankhamon, uma semana depois de contestar a venda em leilão da peça de arte, em Londres, foi anunciado por fontes governamentais.
O comité nacional do Egito para a Repatriação de Antiguidades declarou, no seguimento de uma reunião urgente, que vai solicitar à Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) “a emissão de um alerta para localizar” a obra, devido à falta de documentos necessários no momento do leilão.
A escultura de Tutankhamon, um busto em quartzito castanho com 28,5 centímetros de altura, foi vendida no dia 4 de Julho, pela leiloeira Christie’s, em Londres, por mais de 4,7 milhões de libras (cerca de 5,3 milhões de euros).
“O comité expressa o seu profundo descontentamento perante a falta de profissionalismo neste comportamento” que permitiu “a venda de antiguidades egípcias sem que tenham sido fornecidos os títulos de propriedade e os documentos para exportação legal (da peça) do Egipto”, declarou o comité em comunicado, citado pela AFP.
O comité, dirigido pelo ministro das Antiguidades, Khaled al-Enany, pediu à leiloeira de Londres que “proibisse a exportação dos objetos vendidos” até que os documentos necessários sejam apresentados às autoridades egípcias.
O mesmo comité, que contestou de imediato a venda da peça, anunciou, ainda, a contratação de advogados britânicos para a abertura de um processo civil, sem acrescentar mais informações. Em declarações à BBC, Khaled al-Enany adiantou que vai abrir um processo contra a Christie’s com o objetivo de repatriar o busto.
Por sua vez, a leiloeira Christie’s argumentou que o Egito nunca tinha demonstrado preocupação com o objeto “embora a sua existência seja amplamente conhecida e tenha sido publicamente exposta”. A casa de leilões publicou uma cronologia das alterações da escultura nos últimos 50 anos, consoante a mudança de proprietário entre comerciantes de arte europeus. A Christie’s acrescenta à AFP que “nunca será vendida uma obra sem que esteja claramente definido o título de propriedade”.
O busto de Tutankhamon foi adquirido em 1985 a Heinz Herzer, um comerciante de arte, baseado em Munique, na Alemanha. Antes, esteve nas mãos de Joseph Messina, um austríaco que o adquirira em 1973 ou 1974 ao príncipe Wilhelm von Thurn und Taxis, o qual o possuía desde, parece, os anos 1960.
ZAP // Lusa