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Eduardo dos Santos contra-ataca e desmente João Lourenço

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Manuel de Almeida / Lusa

O ex-presidente de Angola, José Eduardo dos Santos. Ao fundo, a figura do novo presidente, João Lourenço

Esta quarta-feira, o antigo Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, contra-atacou, negando ter deixado a presidência com os cofres vazios, em resposta às declarações de João Lourenço. 

O ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos negou esta quarta-feira ter deixado a Presidência com os cofres vazios, garantindo que deixou pelo menos 15 mil milhões de dólares ao executivo que lhe sucedeu, contrariamente às declarações do seu sucessor. Este desmentido acontece na véspera da visita oficial de João Lourenço a Portugal.

Em conferência de imprensa, sem direito a perguntas, o ex-Presidente de Angola garantiu que deixou um orçamento de Estado pronto para o atual Presidente angolano e lembrou que em 38 anos de governação conseguiu manter o país “relativamente estável”.

Nesta breve declaração à imprensa, Eduardo dos Santos começou por desmentir o seu sucessor: “Não deixei os cofres do Estado vazios. Em setembro de 2017, na passagem de testemunho, deixei 15 mil milhões de dólares no Banco Nacional de Angola como reservas internacionais líquidas a cargo do um gestor que era o governador do BNA sob orientação do Governo.”

Numa declaração aos jornalistas sem direito a perguntas, na sede da Fundação Eduardo dos Santos, em Luanda, o antigo Presidente afirmou a necessidade de “prestar alguns esclarecimentos”.

Na semana passada, numa entrevista ao semanário Expresso, João Lourenço sublinhou ter encontrado os cofres do Estado vazios. “Encontramos os cofres do Estado já vazios com a tentativa de os esvaziarem ainda mais”.

José Eduardo dos Santo garantiu que deixou um Orçamento de Estado pronto para o atual chefe de Estado, mas que este preferiu elaborar um novo documento.

“No Orçamento Geral do Estado de 2017 o total da despesa era igual à previsão do total da receita, o défice era de cerca de 6%, e a cobertura desse défice era suportada com a venda de títulos do tesouro aos bancos comerciais, dívida que tinha de se pagar mais tarde com juros e o dinheiro depositado no tesouro. Em Setembro de 2017, deixamos pronta uma proposta do Orçamento para 2018. A nova equipa não quis seguir a proposta.”

“Apesar da crise provocada pela redução do preço do petróleo bruto, que chegou até aos 38 dólares por barril, tínhamos a economia sob controlo“, afirmou o antigo Presidente angolano.

“Não desvalorizamos a moeda, pagamos regularmente os salários dos funcionários públicos, incluindo o décimo terceiro mês, e mantivemos o poder de compra dos salários fazendo atualizações em função da taxa de inflação”, continuou.

A declaração de Eduardo dos Santos foi feita instantes após o avião do Presidente angolano ter partido para Portugal, onde realiza uma visita de Estado de três dias. Sobre este assunto, esta quarta-feira, José Eduardo dos Santos preferiu manter o silêncio.

ZAP // RFI

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2 Comments

  1. O actual presidente angolano parece estar a desviar-se dos métodos da comunada do seu partido e país, oxalá saiba manter o critério e seja respeitado ao ponto de levar por diante as necessárias reformas de que o país necessita para bem de todos os angolanos.

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