Uma equipa de investigadores está a usar a bactéria infeciosa E. coli para produzir Psilocibina, o ingrediente principal dos alucinogénicos “cogumelos mágicos”.
Escherichia coli (E. coli) é uma bactéria que pode causar infeções intestinais e infeções urinárias. Agora, cientistas estão a modificá-la para produzir Psilocibina — o principal ingrediente dos “cogumelos mágicos” —, que produz efeitos como alucinações e distúrbios sensoriais e pode ser encontrada em determinadas espécies de cogumelos.
Investigadores têm descoberto na Psilocibina usos medicinais, servindo para tratar depressões e até vícios em nicotina. Como cultivar estes cogumelos pode demorar meses, a produção sintética da Psilocibina é muito mais viável para usos farmacêuticos. É aqui a E. coli entra.
Segundo a Scientific American, a bactéria modificada gera até 1,16 gramas de psilocibina por litro. Este é o maior rendimento até hoje conseguido a partir de qualquer organismo manipulado.
Para além de ser mais fácil de manipular, “a vantagem número um é que é simplesmente mais barato” do que qualquer outro método, explica a autora do estudo a ser publicado no próximo ano na reviste científica da Scientific American, Alexandra Adams. Os cientistas conseguiram também otimizar o processo para que fosse possível produzir esta droga psicadélica numa maior escala.
Dirk Hoffmeister, que já tinha usado outras formas de produzir este alucinogénico, diz que esta é uma alternativa intrigante que mostra “o poder e as possibilidades da biologia sintética”. No entanto, o microbiologista realça que, durante o processo, poderão ser produzidos materiais microbianos tóxicos e alergénicos.
“Se for aprovado para tudo o que está a ser testado, é uma proporção significativa da população”, salienta o engenheiro biológico Andrew Jones, que não esteve envolvido neste estudo.
A E. coli também já foi usada para fazer calças de ganga amigas do ambiente. Quando modificada em laboratório, a bactéria pode substituir o índigo, o corante mais utilizado para tingir a ganga.