É possível morrer de riso? Os cientistas (e os Monty Python) dizem que sim

ZAP // Dall-E-2

O primeiro caso de “síncope induzida pelo riso” foi documentado em 1997, quando uma pessoa desmaiou várias vezes enquanto assistia a um episódio de “Seinfeld”.

A velha expressão “morrer a rir” pode parecer uma mera hipérbole. Mas embora seja extremamente raro, o riso pode de facto criar situações de risco de vida — havendo mesmo casos documentados de mortes relacionadas com excesso de… boa disposição.

Durante a II Guerra Mundial, os britânicos descobriram por acaso a anedota mais engraçada do mundo — tão engraçada, que as pessoas morriam a rir. As tropas britânicas transformaram-na numa arma mortífera e invadiram os campos de batalha a contá-la (em alemão, claro) às tropas inimigas.

Neste famoso sketch dos Monty Python, a anedota teve um efeito devastador nas tropas alemãs, que morriam imediatamente a rir.

Mas será mesmo possível morrer de riso?

Normalmente rir não apresenta ameaça e é frequentemente benéfico, oferecendo alívio do stress e vantagens para a saúde. De acordo com estudos recentes, rir reduz a ansiedade, ao diminuir os níveis de cortisol e aumentar a libertação de dopamina.

Segundo um estudo recentemente apresentado na Sociedade Europeia de Cardiologia, no caso de pessoas com doença arterial coronária, o riso pode até melhorar o fluxo de oxigénio e diminuir a inflamação.

No entanto, salientam cientistas ouvidos pelo Live Science, em circunstâncias específicas o riso pode afetar negativamente o corpo, particularmente o coração — e até causar a morte.

Parece ter sido esse o caso de Zeuxis, artista grego do século V A.C., que pintou uma idosa vestida como a deusa Afrodite a pedido da cliente. Após concluir a obra, reza a história, Zeuxis riu-se tanto que acabou por morrer.

Sim, morre-se a rir

A “síncope induzida pelo riso” é uma condição em que o riso intenso causa uma queda acentuada na pressão arterial, levando ao desmaio devido à redução do fluxo sanguíneo para o cérebro.

Esta condição foi documentada pela primeira vez em 1997, quando um paciente desmaiou várias vezes enquanto assistia a um episódio de “Seinfeld“.

Embora estes incidentes geralmente não sejam fatais, resultando normalmente apenas em breves instantes de inconsciência, podem ser perigosos se ocorrerem em situações de risco.

O acto físico de rir afecta a pressão no peito e pode influenciar o nervo vago, que liga o cérebro à maioria dos órgãos internos — podendo causar tonturas ou, em casos extremos, desmaios.

Embora seja teoricamente possível que a síncope induzida pelo riso cause uma paragem cardíaca, o maior risco está associado a potenciais acidentes durante esses episódios de desmaio, como cair e sofrer lesões.

O riso também pode exacerbar certas condições de saúde. Para pessoas com asma, emoções intensas e padrões de respiração alterados durante o riso podem desencadear ataques de asma.

Um estudo com pacientes asmáticos, publicado em 2009, revelou que mais de 40% dos pacientes experimetaram asma induzida pelo riso, que pode ser fatal se o paciente não tiver acesso imediato ao inalador.

Embora extremamente improvável, o riso poderia teoricamente causar espasmos das cordas vocais ou asfixia se não houver oxigénio suficiente inalado entre as risadas. No entanto, a probabilidade desses incidentes levarem à morte é muito baixa.

Assim, embora o riso seja geralmente seguro e saudável, em circunstâncias raras e específicas pode apresentar sérios riscos, particularmente para indivíduos com condições cardíacas ou respiratórias pré-existentes.

Resta então deixar-lhe o tal sketch dos Monty Python. Mas faça-nos o favor de não morrer a rir.

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