Duas novas espécies antigas de tubarões foram descobertas no mais longo sistema de cavernas no mundo — debaixo do Parque Nacional da Caverna Mamute, nos EUA.
Com 686 quilómetros de comprimento, o sistema de cavernas mais longo do mundo está a proporcionar todo o tipo de descobertas aos investigadores.
Segundo IFL Science, a mais recente descoberta é a de duas novas espécies de tubarões antigos, que se pensa terem vivido há mais de 325 milhões de anos.
Ambas as espécies foram identificadas a partir de fósseis recolhidos no sistema de cavernas — na Caverna Mammoth.
Foi através de dentes adultos e juvenis, por exemplo, que os paleontólogos classificaram o Troglocladodus trimblei — um tubarão que se estima ter atingido cerca de 3 a 3,6 metros de comprimento. É mais ou menos o mesmo que um tubarão-limão ou de ponta branca oceânico.
O T.trimblei representa também uma nova espécie e um novo género de tubarão. O nome de género traduz-se em “Cave Cladodus” ou “Cave Branching Tooth“, enquanto a espécie tem o nome do superintendente do parque Barclay Trimble, que encontrou o primeiro espécime — um dente — em 2019.
A segunda nova espécie de tubarão descoberta foi Glikmanius careforum, identificada a partir de dentes e de um conjunto parcial de maxilas e brânquias encontrados em diferentes regiões do sistema de cavernas.
Embora o seu género já fosse conhecido pela ciência, havia ainda uma novidade a descobrir, uma vez que o fóssil de cartilagem encontrado foi o primeiro deste género. Esta espécie, em particular, revelou que pode ter tido origem 50 milhões de anos antes do que se pensava.
Estima-se que o G. careforum tinha aproximadamente o mesmo comprimento que o seu companheiro recém-descoberto, mas a forma da mandíbula indica que provavelmente tinha uma cabeça curta com uma mordida poderosa.
Esta mordidela teria sido provavelmente dirigida a tubarões mais pequenos ou a peixes ósseos.
Ambas as novas espécies pertencem aos ctenacantos, uma ordem extinta de peixes, caracterizada pelos seus dentes multicúspides e espinhos nas barbatanas dorsais.
Pensa-se que terão caçado ao longo das costas que constituem o Kentucky e o Alabama atuais durante o sub-período Mississipiano, há cerca de 325 milhões de anos.
Nessa altura, a região fazia parte de uma antiga via marítima que ligava, o que mais tarde viria a ser, o leste da América do Norte, a Europa e o norte de África.
Os fósseis foram descobertos no âmbito do projeto de colaboração em curso nos Parques Nacionais dos EUA, conhecido como inventário de Recursos Paleontológicos, que tem por objetivo pesquisar fósseis nos parques, avaliar a sua importância e identificar a forma de os gerir e preservar.
Desde o seu início, foram identificadas, pelo menos, 70 espécies de peixes antigos, a partir de amostras recolhidas na caverna Mammoth.
“Cada nova descoberta na Caverna Mammoth é possível graças a colaborações”, disse o superintendente Barclay Trimble.
“A nossa equipa do parque tem a honra de trabalhar em conjunto com o Programa de Paleontologia do Serviço Nacional de Parques e agora com o Departamento de Ciências Geológicas da Universidade de Alabam, cujos esforços coordenados tornaram possível este último anúncio”.