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Dolores O’Riordan. Calou-se uma das grandes vozes irlandesas

A morte da cantora Dolores O’Riordan, vocalista da banda irlandesa The Cranberries, cala uma das vozes mais caterísticas das últimas décadas, inconfundível em clássicos como “Zombie”, “Dreams” e “Linger”.

A artista morreu nesta segunda-feira de forma súbita em Londres, onde participava numa sessão de gravação, após ter recentemente superado problemas de saúde que obrigaram a banda a cancelar um tour mundial no ano passado.

Dolores O’Riordan, de 46 anos, parecia ter recuperado a força da sua voz, tal como ela própria explicou em dezembro na página dos Cranberries no Facebook, onde comemorou o primeiro show “em meses”, realizado em Nova York, e comentou que se sentia “genial”.

Nascida na pequena cidade de Ballybricken, Dolores Mary Eileen O’Riordan destacou-se muito cedo pela sua capacidade como cantora para modular as cordas vocais e alternar graves e agudos, num estilo tradicional irlandês que juntou com sucesso ao pop/rock/grunge dos Cranberries.

Também tecladista e guitarrista, foi casada com o empresário musical Don Burton, ligado aos britânicos Duran Duran, mas os dois separaram-se em 2014 após quase 20 anos de casamento, durante o qual tiveram três filhos.

Na sua cidade natal, Dolores conheceu no fim da década de 1980 os outros três músicos com os quais formaria os Cranberries: Feargal Lawler (bateria), Mike Hogan (baixo) e Noel Hogan (guitarra).

Após um começo frustrante, a banda cativou milhões de pessoas nos anos 90, década na qual publicaram seus lendários “Everybody Else Is Doing It, So Why Can’t We?” (1993) e “No Need To Argue” (1994).

Na segunda metade dos anos 90, o sucesso foi decaindo até à chegada do quinto álbum, “Wake Up And Smell The Coffee” (2001). Dois anos mais tarde, deu-se a separação do grupo, cujos membros investiram em carreiras a solo.

Durante este período, Dolores O’Riordan lançou dois álbuns, “Are You Listening?” (2007) e “No Baggage” (2009), mas nunca alcançou a fama dos primeiros trabalhos com os Cranberries. Os quatro reuniram-se mais tarde, em 2010, para um tour pelos Estados Unidos e Europa e, dois anos depois, lançaram o sexto album de estúdio, “Roses“.

theradicallight / Flickr

Dolores O’Riordan, The Cranberries

Após este tour, Dolores O’Riordan processou Noel Hogan, guitarrista e co-autor da maioria das músicas da banda.

Em 2016, a cantora foi notícia pelo disco que gravou ao lado do baixista do The Smiths, Andy Rourke, com uma nova banda chamada D.A.R.K., e pela multa de 6 mil euros que teve que pagar por cuspir e dar uma cabeçada num agente da policia após ser detida por agredir uma hospedeira de bordo num avião.

Após superar as diferenças nos tribunais, os Cranberries reuniram-se novamente para uma turnê que começou na Polônia, em junho de 2016. O ano passado, o grupo lançou o trabalho acústico “Something Else“, no qual revisitaram músicas do início da carreira com a Orquestra de Câmara Irlandesa e incluíram três composições novas.

No início do mês de maio, o grupo foi obrigado a cancelar os espectáculos agendados devido aos problemas de saúde de Dolores. Desde então, pouco se soube sobre a cantora, que tinha voltado ao estúdio, segundo apontou a sua agência ao comunicar a sua morte, sem dar detalhes sobre o projecto em que a artista trabalhava.

Quando a vida é perfeita, torna-se um tédio. É preciso desafiarmo-nos, pois isso dá-nos uma razão para viver”, disse Dolores um dia em entrevista à Agência EFE.

// EFE

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