Um novo estudo, que analisou mais de 3.000 genomas, foi capaz de rastrear uma mutação genética que confere resistência ao VIH a uma pessoa que viveu perto do Mar Negro por volta de 7000 a.C..
Um estudo publicado na semana passada na Cell sugere que uma variante genética que ajuda a proteger as pessoas contra a infeção pelo VIH se originou em pessoas que viveram durante o período entre a Idade da Pedra e a Era Viking.
“A variante surgiu em um indivíduo que viveu em uma área próxima ao Mar Negro há 6.700 e 9.000 anos“, disse o líder da investigação, Simon Rasmussen, em comunicado.
A professora da bioinformática da Universidade de Copenhaga explicou esclareceu também que a variante deve ter sido útil para outra coisa no passado, uma vez que o VIH em humanos tem menos de um século.
No estudo, os investigadores quiseram ir à origem de uma mutação genética conhecida como CCR5 delta 32.
Como escreve a Live Science, o CCR5 é uma proteína encontrada predominantemente nas células imunitárias que muitas — mas não todas — as estirpes de VIH utilizam para invadir essas células e desencadear a infeção. No entanto, em pessoas com duas cópias da mutação CCR5 delta 32, a proteína é desativada, essencialmente “bloqueando” o vírus VIH.
A ciência já conseguiu aproveitar essa mutação para curar pessoas infetadas.
Descoberta surpreendente
No novo estudo, a equipa de investigação identificou a mutação em 2504 genomas de humanos modernos. Em seguida, criaram um modelo para pesquisar 934 genomas antigos de várias regiões da Eurásia, desde o início do período mesolítico até a era viking, aproximadamente de 8000 a.C. a 1000 d.C.
O trabalho de investigação genética da equipa revelou que a primeira pessoa a “carrega” esta mutação viveu perto do Mar Negro por volta de 7000 a.C., na época em que os primeiros agricultores chegaram à Europa através da Ásia Ocidental.
Os investigadores também descobriram que a prevalência da mutação explodiu entre 8.000 e 2.000 anos atrás – sugerindo que foi extremamente útil quando as pessoas saíram da estepe eurasiática.
As conclusões do estudo contradizem suposições anteriores de que a mutação surgiu mais recentemente.