O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, criticou a União Europeia por uma “lamentável escolha de palavras” depois de a UE ter parecido endossar o nome argentino para as Ilhas Falkland, “Islas Malvinas”. A bem sucedida jogada diplomática argentina está a gerar controvérsia.
A soberania das Ilhas Malvinas, ou Ilhas Falkland, consoante a perspetiva, é alvo de uma disputa não encerrada entre a Argentina e o Reino Unido — que originou mesmo, em 1982, uma curta guerra entre os dois países.
Vencida a guerra pelos britânicos, as ilhas consolidaram internacionalmente o seu nome como Falkland Islands. Exceto, claro, para a Argentina. E seus aliados.
O conflito (nunca) esquecido ganhou agora uma nova escaramuça, reporta a The Week, depois de a União Europeia se ter referido às “Ilhas Falkland” como “Ilhas Malvinas”, num comunicado assinado esta semana em Bruxelas por 60 países da UE e da América Latina.
O incidente diplomático ocorreu naquela que é a primeira cimeira da UE com a Comunidade de Estados Latino-Americanos e das Caraíbas (CELAC) desde que a Grã-Bretanha deixou a União Europeia em 2020.
No texto da declaração pode ler-se que “no que diz respeito à questão da soberania sobre as Islas Malvinas / Ilhas Falkland, a União Europeia tomou nota da posição histórica da CELAC baseada na importância do diálogo e do respeito pelo direito internacional na resolução pacífica de disputas.”
Não tivesse havido Brexit, enquanto membro da UE o Reino Unido teria sido capaz de “vetar linguagem com a qual não concordava“, salienta o Politico.
Mas, graças à “ausência auto-imposta” da Grã-Bretanha, os negociadores argentinos “agiram rapidamente para que fosse usada a sua designação para as ilhas na declaração conjunta”, conseguindo uma “grande vitória diplomática”.
O governo argentino saudou o texto como “prova do apoio europeu à sua reivindicação na disputa das ilhas pelas as quais a Grã-Bretanha e a Argentina entraram em guerra em 1982″, nota o The Times.
Mas a “postura” do governo argentino “irritou tanto Londres quanto Bruxelas“, forçando a Comissão Europeia a emitir uma declaração a negar que a posição oficial do bloco sobre a soberania das ilhas tenha mudado.
“Não há qualquer discussão no conselho sobre este assunto”, disse a declaração. “A UE não toma qualquer posição sobre tais questões sem um mandato do conselho.”
Esta “disputa unilateral” provavelmente continuará “enquanto os governos argentinos quiserem distrair o seu povo da sua própria incompetência“, comenta o The Critic.
A soberania deste território, no sul do Oceano Atlântico, é reivindicada pela Argentina desde a independência do país, em 1816, mas as ilhas são efetivamente controladas pelo Reino Unido desde 1833.
A Argentina invadiu então as ilhas, no dia 2 de abril, dando início a uma guerra contra os britânicos, na altura liderados pela dama de ferro Margaret Tatcher. O Reino Unido venceu a guerra, que durou apenas 74 dias, durante os quais morreram 649 militares argentinos e 255 britânicos.
Segundo o The Spectator, uma esmagadora maioria dos habitantes das ilhas Falkland — mais concretamente, 99,8% — manifestou a vontade de manter a cidadania britânica, num referendo realizado em 2013.
Os restantes 0.2% de ilhéus são tecnicamente britânicos — mas preferem aparentemente chamar à sua terra “Ilhas Malvinas”.
Serão sempre Malvinas. O resto é treta.