Reduzir muito rapidamente as taxas de juros de referência, enquanto a inflação ainda não regressou aos níveis desejados representa um “risco mais elevado” para a economia do que esperar para o fazer mais tarde.
A diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, considerou esta quinta-feira que esta pode não ser já a melhor altura para os bancos centrais baixarem as taxas de juros.
Reduzir os juros prematuramente, antes de a inflação ter regressado aos níveis considerados razoáveis, é um “risco mais elevado para a economia” do que esperar antes de o fazer, diz Georgieva, citada pela agência AFP.
“A nossa equipa olhou para a história e sua conclusão é de que uma flexibilização prematura representa um risco mais elevado para a economia do que intervir um pouco mais tarde”, declarou Georgieva aos jornalistas na sede do FMI, em Washington.
“Mas não mantenham as taxas rígidas se não é necessário”, afirmou. “Olhem para os dados e atuem com base neles”, acrescentou.
O banco central dos Estados Unidos (Fed), o Banco Central Europeu e outras autoridades monetárias mantiveram as taxas de juros elevadas nos últimos meses, numa tentativa de baixar a inflação até às metas desejáveis, depois da escalada global de preços que se registou após a pandemia de covid-19.
Depois de sucessivas subidas das taxas diretoras do BCE, a presidente do banco central europeu, Christine Lagarde, admitiu pela primeira vez a 18 de janeiro, com algumas reservas e a prazo, um “provável corte de juros”.
Com a inflação a baixar em muitas economias desenvolvidas e emergentes, os bancos centrais estão agora a concentrar-se na escolha do melhor momento para começar a reduzir as taxas de juro, de forma a estimular investimentos e o crescimento económico.
Os comentários de Georgieva surgem um dia depois de a Comissão de Política Monetária do Fed ter decidido manter suas taxas de juros de referência na faixa entre 5,25% e 5,50%, arrefecendo as expectativas do mercado de que haveria uma redução rápida destas taxas.
Os responsáveis do Fed adiantaram que não vão começar a reduzir os juros sem terem “maior confiança de que a inflação evolui de forma sustentável” no sentido de atingir uma meta de longo prazo de 2% ao ano.
Na semana passada, o BCE manteve os juros inalterados pela terceira vez consecutiva, optando pela prudência face à evolução da inflação na zona do euro, apesar da desaceleração apresentada nos últimos meses.
Segundo a diretora-geral do FMI, os Estados Unidos estão próximo de conseguir o que se conhece como “pouso suave” — conseguir levar a inflação até à meta pretendida sem desencadear uma recessão.
“Estamos preparados para um pouso suave”, afirmou Georgieva. “Mas estamos ainda a 15 metros do chão e sabemos que, até pousarmos, isto não está feito”.