Direito ao aborto. Canadá e México prontos para abrir fronteiras a norte-americanas

A inclinação do Supremo Tribunal para reverter a decisão judicial que protege o direito ao aborto está a fazer com que milhares de pessoas saiam à rua em protesto nos Estados Unidos. Os ativistas questionam agora as alternativas para quem necessita do procedimento, sendo que viajar internamente e além fronteiras pode ser a solução.

Um estudo do Guttmacher Institute revelou que 58% das mulheres norte-americanas em idade reprodutiva vivem em estados hostis ao aborto, pelo que são cerca de 40 milhões de pessoas que poderão vir a ser diretamente visadas por esta lei.

Desta forma, é provável que muitas mulheres viagem entre estados e além fronteiras para ter acesso ao procedimento.

Segundo o Expresso, os países vizinhos dos Estados Unidos já reagiram à notícia da alteração legislativa iminente.

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, recorreu ao Twitter para defender a legalização da interrupção voluntária da gravidez.

O direito a escolher é um direito da mulher e da mulher apenas. Toda a mulher no Canadá tem o direito ao aborto legal e seguro. Nunca iremos recuar de proteger e promover os direitos das mulheres no Canadá e em todo o mundo”, escreveu Justin Trudeau.

A vice-primeira-ministra defendeu a mesma posição, durante uma intervenção no Parlamento. “O aborto é um direito fundamental. Tem sido uma prioridade para nosso governo apoiar os direitos reprodutivos de mulheres e meninas em todo o mundo. Continuaremos a fazê-lo com maior determinação do que nunca”, disse Chrystia Freeland.

Já a ministra canadiana das Famílias, Crianças e Desenvolvimento Social assumiu que o país está disponível para receber mulheres dos Estados unidos que necessitem de abortar.

“Não vejo por que não o faríamos. Se vierem aqui e precisarem de acesso, certamente esse é um serviço que seria prestado”, afirmou Karina Gould, em entrevista à CBC News.

Gould também alertou que a possível alteração na lei norte-americana terá impacto na população canadiana, nomeadamente em comunidades que vivam longe de grandes cidades e recorram aos serviços de saúde nos EUA.

No ano passado, o Supremo Tribunal do México decidiu que a criminalização do aborto é inconstitucional. O acesso, no entanto, está ainda dependente dos estados, estando acessível em Sinaloa, Coahuila e Baja California apenas até às 12 semanas.

Apesar da lei ser muito recente, já há americanas a atravessar a fronteira sul para adquirir a pílula abortiva, que é gratuita no país.

Ao The Guardian, Vero Cruz, coordenadora do grupo de ativistas Las Libres, referiu que os cidadãos norte-americanos podem tecnicamente realizar abortos cirúrgicos nas clínicas públicas mexicanas de forma gratuita, ainda que o grupo não tenha conhecimento de nenhum caso em que isto já tenha acontecido.

Apesar disso, acrescentou, as cidades mexicanas estão já a preparar-se para fluxo de pessoas advindas dos Estados Unidos, caso a decisão do Supremo avance.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.