Diocese do Porto vendeu imóveis avaliados em 4 milhões por 230 mil euros

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Diocese do Porto/JLC

O bispo do Porto, Manuel Linda.

O negócio envolveu ainda a troca das casas por um T0 degradado com uma empresa com uma morada inexistente. Os moradores estão revoltados e a autarquia já exerceu o direito de preferêcia sobre a venda.

Um polémico negócio imobiliário da Diocese do Porto está a gerar revolta entre dezenas de moradores de um bairro histórico da cidade. Segundo avança o Correio da Manhã, a Igreja trocou 15 casas, habitadas há gerações por famílias pobres, por um T0 que ainda nem sequer existe.

Os residentes, que ficaram a saber da permuta apenas por carta enviada pelo novo proprietário – uma empresa com morada física aparentemente inexistente – acusam a diocese de traição e falta de transparência.

As casas, doadas há mais de 60 anos por uma benemérita à Igreja com a condição de que não fossem vendidas nem as rendas aumentadas, foram entregues ao Seminário de Vilar. Os atuais inquilinos, descendentes diretos dos beneficiários da doação, vivem agora sob o receio constante de despejo. “Sinto-me enganado”, afirma Tibúrcio, de 74 anos, que vive na mesma casa desde criança. “Nem fomos informados, soubemos por uma carta.”

O silêncio da Diocese do Porto e do bispo D. Manuel Linda tem alimentado o desespero dos moradores. A Igreja não só se recusou a dialogar como não permitiu o acesso à escritura do negócio.

As casas, avaliadas por imobiliárias em mais de quatro milhões de euros, terão sido vendidas por cerca de 230 mil euros – aproximadamente 15 mil por unidade. Os moradores afirmam que, se tivessem tido oportunidade, teriam comprado as suas habitações por esse valor. “É um escândalo”, diz Emílio Borges, que garante que todas as casas têm dois andares e áreas generosas.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, mostrou-se surpreendido com o negócio, revelando que só teve conhecimento após uma ação de campanha política. A autarquia já manifestou intenção de adquirir os imóveis para habitação social, mas até agora não obteve resposta clara da diocese. “A carta do senhor bispo é um ‘nim’”, lamenta Moreira.

O advogado dos moradores admite que a reversão do negócio é difícil, mas não impossível, sobretudo se for provado que houve irregularidades. O T0 recebido pela Igreja como troca é, até ao momento, apenas uma casa degradada, com promessa de reabilitação nos próximos três anos.

ZAP //

1 Comment

  1. Fica-se então a saber que os moradores das «…15 casas, habitadas há gerações por famílias pobres…», casas essas «…doadas há mais de 60 anos por uma benemérita à Igreja com a condição de que não fossem vendidas nem as rendas aumentadas…», afinal são ricos e podem desembolsar facilmente 15 mil Euros.
    Quanto ao resto, o dr. Manuel Linda e o Executivo liberal/maçónico do «Porto, o Nosso Partido/Porto, o Nosso Movimento/Aqui Há Porto» são um e a mesma coisa.

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