/

Dinheiro “roubado” ao povo da Malásia terá financiado filmes de Hollywood

(dr) Paramount Pictures / Red Granite Pictures.

Leonardo DiCaprio interpreta "Jordan Belfort" em "The Wolf Of Wall Street" (2013)

Leonardo DiCaprio interpreta “Jordan Belfort” em “The Wolf Of Wall Street” (2013)

Os EUA têm em marcha uma investigação que implica vários grandes filmes de Hollywood num esquema de “lavagem de dinheiro” de fundos públicos desviados da Malásia.

A investigação do Departamento de Justiça dos EUA, DOJ., arrancou em 2016 e tinha começado por implicar o actor Leonardo DiCaprio e a sua Fundação.

Tudo começou com o desaparecimento de 4,5 biliões de dólares, mais de 4 mil milhões de euros, do Fundo Soberano da Malásia 1MDB, 1 Malaysia Development Berhad, no período entre 2009 a 2015.

O DOJ suspeita que desse valor, quase 900 milhões de euros, podem ter sido “branqueados” através da Fundação de Leonardo DiCaprio e do filme “O Lobo de Wall Street” (2013) que o actor protagoniza e que foi um sucesso de bilheteira.

Agora, estão na mira do DOJ as comédias “Dumb and Dumber To” (Doidos à solta, de novo, 2014), com Jim Carrey e Jeff Daniels, e “Daddy’s Home” (Pai há só um, 2015), com Will Ferrell e Mark Wahlberg.

As autoridades norte-americanas suspeitam que estes filmes terão sido financiados com dinheiro desviado do Fundo e usados para “lavagem de dinheiro roubado”, acusa o DOJ. A produtora Red Granite, co-fundada por Riza Aziz, o enteado do primeiro-ministro da Malásia, é o elo de ligação entre os três filmes.

“Surpreendente ganância”

O DOJ alega que altas figuras do governo do país asiático, incluindo o primeiro-ministro Najib Razak se “apropriaram indevidamente” de dinheiro do fundo, escondendo-o em contas offshore e usando-o para comprar bens de luxo, num processo de branqueamento de capitais.

O alegado financiamento dos três filmes será apenas uma parte do esquema que passava ainda pela compra de bens como um quadro de Basquiat no valor de 9,2 milhões de dólares (8,2 milhões de euros), um iate de 260 milhões (232,5 milhões de euros) ou um colar de 27 milhões (24,1 milhões de euros) para a esposa de Najib Razak.

“Este caso envolve biliões de dólares que deveriam ter sido usados para ajudar o povo da Malásia, mas que, ao invés, foram usados por um pequeno número de indivíduos para alimentar a sua surpreendente ganância”, refere a advogada do Ministério Público norte-americano, Sandra R. Brown, em declarações divulgadas pelo The New York Times.

“Não vamos permitir que os EUA sejam um lugar onde indivíduos corruptos podem esperar esconder bens e gastar exuberantemente dinheiro que deveria ser usado para o benefício de cidadãos de outras nações”, acrescenta Brown.

O Fundo terá sido constituído com o intuito de receber financiamento de investidores estrangeiros para apoiar obras públicas na Malásia. O DOJ espera conseguir recuperar milhões de euros, nomeadamente da produtora de Riza Aziz, considerando que estão em causa lucros obtidos com “dinheiro sujo”.

Leonardo DiCaprio já terá entregue às autoridades, por iniciativa própria, um quadro de Picasso que lhe foi oferecido pela produtora, bem com outros bens sob suspeita.

Riza Aziz assegura a total colaboração com a investigação e o primeiro-ministro da Malásia reagiu falando em notícias que só são “relevantes para manipulação e interferência política doméstica”, conforme cita o The New York Times.

SV, ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.