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Dinheiro público paga programas de SIC, RTP e TVI. Emanuel facturou meio milhão de euros

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RTP, SIC e TVI têm beneficiado do apoio financeiro de várias Câmaras Municipais pelo país para a realização dos programas que emitem aos sábados e domingos à tarde. Há milhares de euros atribuídos em ajustes directos para o “Aqui Portugal”, o “Domingão” e o “Somos Portugal”.

Os três canais de sinal aberto – RTP, SIC e TVI – emitem, aos sábados (no caso do canal público) e aos domingos, programas em directo que têm percorrido o país. Em cada emissão, estão numa determinada localidade, apresentando algumas das iguarias e tradições locais.

Uma parte da estrutura que é necessária para a realização desses programas é suportada com dinheiro dos contribuintes, nomeadamente através de ajustes directos feitos por várias autarquias.

Na verdade, estamos a falar de programas padronizados, em que o mesmo conceito é replicado em vários locais do país. Portanto, o ajuste directo é a única alternativa para as autarquias em alguns casos.

É isso mesmo que acontece com o camião do programa “Domingão” da SIC que tem percorrido várias localidades do país nos últimos dois anos. A ideia é replicada em todas as emissões, incluindo, habitualmente, o cantor Emanuel e a actriz e cantora Luciana Abreu como apresentadores.

Portanto, as Câmaras municipais que acolhem as emissões do “Domingão” estão praticamente obrigadas a contratar os serviços da empresa de Emanuel, Américo Monteiro – Estúdios de Gravação, que é responsável pela produção associada ao camião.

Entre 26 de Junho de 2020 e 6 de Dezembro de 2022, a empresa de Emanuel facturou mais de meio milhão de euros em contratos por ajuste directo feitos por várias autarquias pelo país.

Só a Câmara de Sever do Vouga pagou 35 mil euros à empresa do cantor num ajuste directo com data de 15 de Julho de 2022, conforme dados do portal Base, onde são publicados os contratos públicos. Esse valor refere-se a serviços para o programa da SIC e ao espectáculo musical “Emanuel” que foi realizado no âmbito da FicaVouga 2022, a feira anual da vila do distrito de Aveiro.

A 23 de Junho de 2022, a mesma autarquia de Sever do Vouga assinou outro ajuste directo com a empresa do cantor no valor de 19 mil euros em serviços para o “Domingão”.

As Câmaras de Montemor-o-velho (10.500 euros em 6 de Dezembro de 2022, 12 mil euros em 22 de Novembro de 2022 e 19.500 euros em 3 de Dezembro de 2021), Seixal (8.500 euros em 5 de Dezembro de 2022, 6 mil euros em 9 de Junho e 19.500 euros em 3 de Julho de 2021), Pombal (9.500 euros), Marinha Grande (12.500 euros), Pedrógão Grande (13.500 euros), Trofa (16 mil euros), Leiria (14 mil euros em 3 de Agosto de 2022 e 15.500 euros em 26 de Novembro de 2021), Almada (12.500 euros em 15 de Junho de 2022 e 15 mil euros em 22 de Junho de 2021), Pampilhosa da Serra (9.500 euros em 27 de Abril de 2022 e 19.500 euros em 23 e Julho de 2021), Felgueiras (8 mil euros), Mora (19.500 euros), Guarda (15 mil euros), Vieira do Minho (15.500 euros), Peso da Régua (22 mil euros), Valongo (19.500 euros), Portimão (22 mil euros), Paredes (19.500 euros), Seia (19.500 euros), Almeirim (12 mil euros), Castelo de Vide (11 mil euros), Arronches (11 mil euros), Santiago do Cacém (12 mil euros), Faro (8.500 euros), Bombarral (9.500 euros), Vila Franca de Xira (15 mil euros), Albufeira (15 mil euros), Ourém (14 mil euros), Coruche (16 mil euros), São Brás de Alportel (15 mil euros), Castelo Branco (16 mil euros) e Torres Vedras (7.500 euros) também fizeram ajustes directos com a Américo Monteiro no âmbito do programa da SIC.

No total, estamos a falar de um valor superior a meio milhão de euros ao longo de cerca de dois anos.

Montalegre gastou 8 mil euros em alojamento para pessoal da RTP

Também o “Aqui Portugal”, emitido pela RTP1 aos domingos à tarde, tem sido realizado com o apoio de dinheiros públicos.

A Câmara de Montalegre, por exemplo, gastou 8.400 euros com serviços de alojamento para os técnicos e pessoal do programa no âmbito da emissão realizada aquando da Feira do Fumeiro de 2023. O contrato por ajuste directo foi adjudicado ao Hotel Premium Chaves a 19 de Janeiro deste ano.

Foi a este mesmo hotel que a Câmara de Boticas adjudicou 7.358 euros, também a 11 de Janeiro deste ano, para alojar a equipa de produção do mesmo programa.

O município de Boticas gastou mais 8 mil euros para alugar, montar e desmontar uma tenda para o programa do canal público, num ajuste directo feito à empresa Cobersun que aparece também em diversos outros ajustes directos feitos por autarquias para serviços dos programas da SIC e da TVI.

O aluguer da tenda para a transmissão do “Aqui Portugal” emitido em Peso da Régua, em 2019, custou 16 mil euros em outro ajuste directo. E a 17 de Julho de 2020, a Câmara de Vizela adjudicou 3.587 euros, igualmente por ajuste directo, para o serviço de buffet da comitiva técnica e de produção do programa.

A 17 de Agosto de 2017, a empresa do cantor André Sardet recebeu 15.400 euros para dar apoio logístico ao programa da RTP em Condeixa-a-Nova.

Mangualde pagou mais de 16 mil euros pelo catering do “Somos Portugal”

O “Somos Portugal” da TVI também tem recebido um apoio financeiro essencial para a sua realização, nomeadamente para pagar serviços de catering.

A Câmara de Mangualde, por exemplo, fez um ajuste directo com a churrasqueira Os Galitos no valor de 16.900 euros, a 26 de Outubro de 2022, para pagar a comida dos elementos do programa no âmbito da Feira dos Santos 2022.

As Câmaras de Porto de Mós (8 mil euros) e Cabeceiras de Basto (cerca de mil euros) também pagaram a alimentação da produção do programa. No caso da primeira, foi feito um ajuste directo a Maria Fernanda Ribeiro Neves Bento a 2 de Junho de 2022. Já no segundo caso, a autarquia fez uma consulta prévia antes de atribuir o contrato à empresa V&B Restauração a 22 de Dezembro de 2021.

Entre 19 de Agosto de 2019 e 27 de Maio de 2021, a produtora Coral Vision Europa facturou mais de 111 mil euros (111.249,5 euros) com 9 contratos por ajuste directo com as autarquias de Viana do Castelo (um contrato de 15.255,50 euros e outro de 15 mil euros), Albufeira (19.999 euros), Cabeceiras de Basto (5 mil euros), Vila Franca de Xira (7.500 euros), Odivelas (6 mil euros), Silves (7.500 euros), Álcacer do Sal (15 mil euros) e Castelo Branco (19.995 euros), pela prestação de serviços de produção para a realização do programa da TVI.

O director-geral da produtora, Bruno Santos, foi director de programas e director-geral de antena da TVI.

Susana Valente, ZAP //

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14 Comments

  1. Portugal é um país estranho, onde os negócios/empresas privadas independentemente do seu ramo, em vez de trabalharem, produzirem, e criarem emprego, para que possam assim viver do seu trabalho, não, vivem antes às custas do dinheiro dos Portugueses que financia o Orçamento do Estado (OE).

  2. Muito bem !!! O povo burrificado é mais fácil de manipular, estes programas difundidos durante horas e horas e nos 3 canais ao mesmo tempo demonstram bem que a ideia é tentar hipnotizar e estupidificar o Povo. Como o Povo gosta e deixa os políticos agradecem e subsidiam.

    • Já concordo que: “O que faz falta é animar a malta.” Não é produzir, criar riquesas, mas o povo é que tem culpa, não faz manifestações contra!

  3. Nada de novo, até porque os municípios têm, e devem ter, verba para gastar em espetáculos e na cultura. O problema aqui, é que não chamo a isto cultura mas sim entretenimento de fraca capacidade cultural, domingo após domingo…

  4. So um idiota é que acredita quando pseudo estrelas escrevem que o que ganham de ordenado é do privado, é dos patrocinios, ninguem tem nada a ver com isso…. Nem era preciso isto ser noticia para saber que o Estado anda a financiar indiretamente bons salarios e gente sem qualquer formacao para apresentar programas da treta.

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