Pelo menos 30 pessoas morreram e 30 ficaram feridas, esta quarta-feira, num ataque suicida, reivindicado pelo Estado Islâmico, perto de uma assembleia de voto na cidade paquistanesa de Quetta, em dia de eleições legislativas.
O bombista suicida “tentou entrar na assembleia de voto e, quando a polícia o tentou deter, fez-se explodir“, afirmou Hashim Ghilzai, responsável do governo local à agência de notícias francesa AFP.
O balanço oficial, inicialmente estimado em 28 mortos e 35 feridos, ascendeu a 30 vítimas mortais, incluindo três polícias e quatro crianças, depois da morte de duas pessoas que não resistiram aos ferimentos no hospital, segundo Wasim Baig, porta-voz do hospital provincial de Sandeman em Quetta.
O atentado foi reivindicado pelo Estado Islâmico, através da sua agência de propaganda, Amaq.
O ataque foi precedido hoje de manhã por um atentado com uma granada noutra assembleia de voto, no distrito de Khuzdar, também em Baluchistão, que resultou na morte de um polícia e três feridos.
Os ataques em Quetta, capital da província do sul de Baluchistão, são frequentes.
Foi registado também outro atentado suicida em meados de julho, num comício eleitoral em Mastung, a 40 quilómetros de Quetta. O ataque, que causou pelo menos 153 mortos, também foi reivindicado pelo Estado Islâmico.
O Baluchistão, que faz fronteira com o Irão e o Afeganistão, é a província mais pobre do Paquistão, apesar das suas jazidas de hidrocarbonetos e minerais.
Quetta é uma das localidades mais conflituosas do Paquistão, com a presença de grupos armados separatistas, fações talibãs e grupos extremistas.
Eleições decorrem em clima de grande instabilidade
Cerca de 105 milhões de eleitores estão hoje convocados para eleições legislativas no Paquistão, depois de uma campanha eleitoral que decorreu num clima de instabilidade política e económica, crescentes conflitos religiosos e a ameaça do terrorismo.
Estas eleições são as segundas na história do país em que o Governo conclui um mandato completo e transmite o poder a um novo, após ter sido governado por ditaduras militares em metade dos seus 71 anos de história, desde a sua fundação em 1947.
O governo interino está em negociações preliminares com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para atribuição de um empréstimo, repetindo o panorama das últimas eleições, em 2013, quando o Estado recebeu um pacote de ajuda de 5,3 mil milhões de dólares (4,5 mil milhões de euros), pago na totalidade no passado mês de outubro.
A nível político, novos partidos com ideologias radicais fizeram a sua entrada, para além de dúvidas de interferências nas eleições por parte do Exército.
As eleições de hoje põem frente a frente Shahbaz Sharif, líder da Liga Muçulmana do Paquistão (PML-N), partido vencedor das últimas eleições, e o ex-jogador de críquete Imran Khan, do Tehreek-i-Insaf (PTI), candidato pela segunda vez desde 2013.
Shahbaz Sharif é irmão de Nawaz Sharif, primeiro-ministro do Paquistão por três vezes, sem nunca ter cumprido um mandato completo (de 1990 a 1993, 1997 a 1999 e 2013 a 2017).
Bilawal Bhutto, na frente do Partido Popular do Paquistão (PPP) assume-se como um terceiro ator e com um papel determinante na possível formação de um governo de coligação.
Numa campanha caracterizada pela violência, as minorias religiosas do país têm protestado contra a discriminação de que se sentem alvo, com várias comunidades a anunciarem o boicote às eleições.
ZAP // Lusa
O jeito de ser muçulmano: odiar e matar. Pobre Europa, está repleta deles.