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Despedimento coletivo na Altice é para “sacar dinheiro” para o acionista

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(cv) Altice

A Frente Sindical considerou que o despedimento coletivo na Altice “não tem razão” e que serve apenas para “sacar dinheiro à custa dos trabalhadores”.

A Frente Sindical considerou, esta terça-feira, que o despedimento coletivo na Altice “não tem razão” e que serve para “sacar dinheiro à custa dos trabalhadores” para o acionista, após uma reunião com representantes dos ministérios da Economia e do Trabalho.

“Este despedimento coletivo não tem razão de ser, a empresa que teve mais lucros este ano do que nos anos anteriores caminha para um despedimento coletivo porquê? É dinheiro para o acionista”, disse o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Comunicações e Audiovisual (SINTTAV), Manuel Gonçalves, à porta do Ministério da Economia, em Lisboa, depois de uma reunião onde participou em representação da Frente Sindical, que contou também com representantes da Comissão de Trabalhadores da Altice.

“O objetivo deles é sacar dinheiro à custa dos trabalhadores. Não se importam nada que o trabalhador vá para o desemprego”, acrescentou.

Em causa está o despedimento coletivo na Altice que envolverá 204 trabalhadores, depois da decisão final do grupo, que acabou por reduzir o número, face ao inicialmente previsto de 232 pessoas.

De acordo com o dirigente sindical, a reunião serviu para os representantes dos trabalhadores manifestarem ao Governo as suas preocupações sobre um despedimento coletivo que consideram “ilegal”, “criminoso”, “imoral”, “desumano” e “desnecessário”.

“Explicámos que este despedimento está assente em duas vertentes, a vertente económica, portanto, desde que a Altice cá chegou a preocupação é angariar dinheiro para o acionista, desde que cá chegou uma das componentes do ADN da Altice é a redução de efetivos. Em seis anos, a Altice já reduziu os efetivos em mais de 50%, através de suspensões de contrato, através de rescisões por mútuo acordo, através de pré-reformas”, explicou Manuel Gonçalves.

O dirigente sindical considerou que se trata de um processo político, uma vez que “a Altice tem utilizado os trabalhadores como arma de arremesso contra o Governo, contra a Anacom, com o objetivo de sacar dinheiro para o 5G”.

Assim, os representantes dos trabalhadores pediram, na reunião, a atuação do Governo “no sentido de travar este despedimento enquanto é tempo”, dado que, segundo comunicou a empresa ao Ministério do Trabalho, o despedimento será concretizado em 31 de outubro.

Foi ainda pedido ao Governo que altere o Código do Trabalho, “para que despedimentos destes não possam ter mais lugar”. “Se isto pegar […] vai ser um descalabro para a sociedade, são milhares de trabalhadores que vão ficar no desemprego”, apontou Manuel Gonçalves.

Segundo a Frente Sindical, dos 204 abrangidos pelo despedimento coletivo, 168 aceitaram a rescisão de contrato por mútuo acordo, embora de forma “forçada”.

“E porque é que é forçada? Porque a empresa diz-lhe ‘se aceitares a rescisão por mútuo acordo tens, por exemplo, 60.000 euros’. O colega que fez um acordo em maio levou, em igualdade de circunstâncias, 90.000, mas [a empresa] diz-lhe ‘se não aceitares os 60.000 euros para rescisão de mútuo acordo, vais para o despedimento coletivo e tens 30.000’ e o trabalhador vê-se entre dois males e escolhe o menor”, detalhou Manuel Gonçalves.

Adicionalmente, a Frente Sindical acusou ainda a empresa de praticar “terror laboral” há seis anos, levando os trabalhadores a quererem sair, embora tenham necessidade de trabalhar.

“Estes 168 viram-se também forçados. Era todos os dias os recursos humanos, todos os dias, todos os dias, [a dizer-lhes] ‘tens de dar resposta até amanhã’”, acrescentou.

Os representantes dos trabalhadores da Altice aguardam agora o agendamento de uma reunião no Ministério do Trabalho e têm também esperança de virem a ser recebidos pelo primeiro-ministro, António Costa.

No dia 24 de agosto, terá lugar uma reunião com o Partido Socialista, em Lisboa. “Nós batemos às portas todas no sentido de travar este despedimento”, sublinhou Manuel Gonçalves.

// Lusa

1 Comment

  1. Os despedimentos não são necessários, mas são uma benção para os que vão ser despedidos, porque vão sair de um ambiente de trabalho tóxico e podem mudar de vida para melhor. Há males que vêm para bem.
    Trabalhei 6 anos em várias empresas do grupo PT e saí pouco depois da Altice comprar a PT. Claro que a PT é muito grande e não conheci todas as empresas do grupo, mas acredito ter visto o suficiente para afirmar o seguinte.
    A PT tinha trabalhadores a mais e era usada para dar tachos aos amigos dos administradores.
    Além dos tachos havia ainda um esquema manhoso de sub contratações em que os gestores da PT recebiam por fora conforme as contratações de trabalhadores em out-sourcing, ou seja, havia corrupção.
    A PT foi usada pelos accionistas grandes para vários esquemas manhosos, sendo o caso dos 900 milhões que a PT emprestou ao BES o mais triste e conhecido de todos os casos.
    Os negócios da Vivo e da Oi no Brasil (em parceria com a Telefónica) foram outro “negócio da china” e acho que foi exactamente por causa do negócio da fusão com a Oi que o buraco dos 900 milhões foi descoberto. Os accionistas da Oi não se deixaram enganar pelo valor inflacionado com que a PT se apresentou para a fusão, e foram auditar as contas todas para saber realmente o que estavam a comprar. Os mafiosos do BES tinham esperança que o buraco só fosse descoberto depois da fusão para poderem chutar o calote para os brasileiros.
    O que Portugal precisa é de pequnas operadoras de telecomunicações locais ou regionais, que estejam bem perto dos clientes e se adaptem às diferentes realidades do país.

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