A greve dos trabalhadores da Groundforce, que estava marcada para os dias 31 de julho e 1 e 2 de agosto, foi desconvocada esta quinta-feira.
Os sindicatos dos Técnicos de Handling de Aeroportos (STHA), das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA) e dos Economistas (SE) desconvocaram a greve na Groundforce marcada para 31 de julho, 1 e 2 de agosto.
“Fruto da histórica greve do fim de semana passado, do qual os trabalhadores são os únicos protagonistas, foi possível, numa reunião hoje às 14:30, chegar a um compromisso com o Governo, no sentido de desbloquear, com efeitos imediatos a greve dos dias 31, 1 e 2 de agosto”, informaram as estruturas sindicais, em comunicado.
Os termos da desconvocação, explicam, são o “pagamento do subsídio de férias e das anuidades vencidas 2021, antes do processamento salarial de julho (dia 28), para todos os trabalhadores”, a “garantia efetiva, e já tornada pública pelo Governo, do pagamento pontual e integral do salário de julho”, bem como a “garantia efetiva, e já tornada pública pelo Governo, de que a situação acionista da Groundforce será resolvida muito em breve, ou pela venda das ações a um privado por parte do Montepio, ou por ação/intervenção do Estado Português e da TAP”.
“Como em qualquer processo, a confiança tem que imperar entre os interlocutores, nem que seja numa dimensão mínima e por um bem maior”, consideraram os representantes dos trabalhadores, que consideram que “a forte mobilização de todos os trabalhadores em todos os aeroportos”, na greve do fim de semana passado, ”foi determinante para este desfecho”.
Os sindicatos agradeceram o envolvimento da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) e da Associação Portuguesa as Agências de Viagens e Turismo (APAVT) “que, num esforço conjunto, defendeu os interesses dos trabalhadores, da TAP, do turismo e do País, ao qual a função estratégica da Groundforce para todos ficou bem clara e de uma vez por todas”.
Os trabalhadores da Groundforce cumpriram dois dias de greve no fim de semana passado, convocada pelo STHA, como protesto pela “situação de instabilidade insustentável, no que concerne ao pagamento pontual dos salários e outras componentes pecuniárias” que os trabalhadores da Groundforce enfrentam desde fevereiro de 2021.
A paralisação levou ao cancelamento de voos, sobretudo no aeroporto de Lisboa.
Além desta greve, desde o dia 15 de julho que os trabalhadores da Groundforce estão também a cumprir uma greve às horas extraordinárias, que se prolonga até às 24:00 do dia 31 de outubro de 2021.
Por sua vez, os sindicatos dos Trabalhadores dos Transportes de Portugal (STTAMP), dos Trabalhadores dos Aeroportos Manutenção e Aviação (STAMA) e dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) decidiram manter os pré-avisos de greve até serem pagos os montantes devidos.
O Sitava decidiu manter a greve, para 30 e 31 de julho e 1 de agosto, estando ainda em vigor uma paralisação ao trabalho extraordinário até às 24 horas do dia 29 de julho até que os trabalhadores recebam os pagamentos com que a TAP se comprometeu, disse à agência Lusa o dirigente Fernando Henriques.
Também o STTAMP e o STAMA anunciaram que vão manter os avisos prévios de greve em vigor para a Groundforce “até à data em que os pagamentos forem efetivamente concretizados, visto que num passado recente estes dois sindicatos já teriam chegado a acordo para o pagamento do subsídio de férias, tendo o mesmo sido recusado por parte de Alfredo Casimiro que, apesar das mudanças iminentes da estrutura acionista, à data de hoje ainda é o Presidente do Conselho de Administração”.
Esta quarta-feira, o Ministério das Infraestruturas e da Habitação revelou, em comunicado, que a TAP vai pagar os subsídios de férias e os salários em atraso dos trabalhadores da Groundforce.
“Foi comunicado hoje, em reunião com sindicatos da Groundforce, que a TAP vai proceder ao pagamento do valor correspondente ao subsídio de férias e às anuidades em atraso diretamente aos trabalhadores da Groundforce”, lê-se na nota do Ministério das Infraestruturas.
O mesmo documento informa ainda que esta “foi a solução encontrada para ultrapassar a recusa na semana passada da administração da Groundforce em aceitar a transferência da TAP que permitiria o pagamento aos trabalhadores do subsídio que lhes era devido”.
A Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal e em 49,9% pelo grupo TAP, que, em 2020, passou a ser detido em 72,5% pelo Estado português.
ZAP // Lusa