As autoridades europeias descodificaram um chat usado por milhares de pessoas para planear assassinatos, vender droga e lavar dinheiro, entre outras atividades ilícitas.
As autoridades estiveram infiltradas durante dois meses, usando a informação partilhada para fazer detenções em vários países, incluindo Reino Unido, França, Noruega, Países Baixos e Suécia.
“Uma parte importante da operação é que as mensagens foram lidas pelas autoridades, em tempo real, por detrás dos ombros dos emissores que não suspeitavam”, lê-se no comunicado conjunto entre as autoridades francesas, a Europol e a Eurojust.
Os criminosos só perceberam que o chat tinha sido descodificado no dia 13 de junho, escreve o jornal Público. O serviço Encrochat enviou, então, um alerta para que os utilizadores deitassem os telemóveis fora. “Os polícias estão a ter um dia em cheio”, terá sido uma das últimas mensagens enviadas no chat.
Em comunicado, o diretor do Serviço de Investigação Nacional dos Países Baixos, Andy Kraag, disse que graças a esta operação foi possível prevenir dezenas de crimes graves.
“Investigações atuais foram aceleradas, mas também encontrámos muitas provas para novas investigações. O que apenas víamos em filmes estava a acontecer debaixo do nosso nariz”, disse Kraag.
O Encrochat descrevia-se como uma solução encriptada que “garantia anonimidade”. Os dispositivos, que custavam mais de 1.000 euros, não vinham com câmara, GPS, ou microfone, e apagavam automaticamente toda a informação em caso de acesso não permitido. A Europol realça que “não havia associação de dispositivo ou de um cartão SIM com a conta do cliente”. O serviço contava com mais de 60 mil utilizadores.
“Embora as atividades do Encrochat tenham parado, esta operação complexa mostra o âmbito global do crime sério e organizado e da conectividade de redes de crime que usam os avanços da tecnologia para cooperar a um nível nacional e internacional”, lê-se ainda no comunicado da Interpol.