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Descoberto palácio de Rei Bíblico por baixo de túmulo destruído pelo Daesh

Voice of America / wikimedia

Ruínas da mesquita sunita, onde estava o Templo de Jonas, em Mosul, destruída pelo Daesh em 2014.

Ruínas da mesquita sunita, onde estava o Templo de Jonas, em Mosul, destruída pelo Daesh em 2014.

Arqueólogos iraquianos fizeram uma descoberta surpreendente nos destroços do Túmulo do Profeta Jonas que foi destruído pelo grupo terrorista Daesh, deparando-se com o palácio do antigo rei assírio Senaquerib que é citado na Bíblia.

O exército iraquiano recuperou a zona onde se situa o Túmulo, numa colina de Mosul, no Iraque, das mãos do Daesh, no mês passado, no âmbito da forte ofensiva que foi lançada sobre a cidade que esteve sob controle do grupo terrorista durante os últimos dois anos.

Quando os arqueólogos procediam à documentação dos estragos provocados pelo grupo terrorista no Túmulo de Jonas, que estava situado numa mesquita sunita, tropeçaram nos vestígios do palácio do antigo Rei assírio Senaquerib que data de 600 a.C..

A existência do palácio era conhecida, mas nunca antes se tinham encontrado os seus vestígios.

O palácio foi construído para o Rei Senaquerib, cujo nome significa “O Deus da Lua Multiplicou os Seus Irmãos” e que vem mencionado na Bíblia por causa da sua invasão ao antigo Reino de Judá, em 701 a.C..

Senaquerib acabou assassinado por dois dos seus filhos. Outro dos seus filhos, Assaradão, tornou-se Rei da Assíria (681 a.C. a 669 a.C.) e tratou de ampliar o palácio que foi depois, remodelado pelo seu sucessor, Assurbanípal, o último grande líder da Assíria.

Destruição do Daesh leva a “descoberta fantástica”

O The Telegraph, que relata a descoberta, conta que os arqueólogos chegaram aos vestígios do palácio graças aos túneis escavados pelo Daesh para procurar artefactos antigos para pilhar.

Foi nessa travessia pelos túneis que a arqueóloga iraquiana Layla Salih descobriu uma inscrição numa pedra, com referência a Assaradão, em escrita cuneiforme – uma das primeiras formas de escrita -, datada de 672 a.C., altura em que o palácio integrava a antiga cidade assíria de Nineve.

Os arqueólogos encontraram também, antigas esculturas assírias em pedra.

“Os objectos não combinam com as descrições do que pensávamos estar lá em baixo, por isso a destruição do Daesh levou-nos, na verdade, a uma descoberta fantástica“, explica ao The Telegraph a professora Eleanor Robson, directora do Instituto Britânico para o Estudo do Iraque.

“Há uma grande quantidade de história lá em baixo, não apenas pedras ornamentais. É uma oportunidade para, finalmente, mapear a “casa-do-tesouro” do primeiro grande império do mundo, desde o período do seu maior sucesso”, acrescenta Eleanor Robson.

E não se sabe que relíquias os terroristas podem ter encontrado antes de os arqueólogos lá terem chegado. “Acreditamos que eles tiraram muitos artefactos, tais como cerâmica e peças pequenas, para vender”, refere Layla Salih ao The Telegraph.

A grande preocupação dos investigadores são agora, os túneis que estão em risco de “colapsar”, o que, a acontecer, travará a investigação e colocará em cheque o património histórico já encontrado.

SV, ZAP //

 

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