Foi descoberto o “interruptor”que estimula ou interrompe o desejo de praticar desporto. É o que o separa de ser um grande atleta ou um grande sedentário.
Um estudo publicado esta quarta-feira na Sciences Advances revelou que existem três proteínas-chave que funcionam como um “interruptor” no cérebro que estimula, ou interrompe, o desejo de praticar desporto.
As conclusões deste estudo servem de base para a conceção de medicamentos que predisponham para o exercício e para o desenvolvimento de planos de treino personalizados.
A investigação, liderada por Guapalupe Sabio, do Centro Nacional de Investigação Cardiovascular (CNIO), em Madrid, verificou como o próprio músculo regula o interesse pelo exercício através de uma via de sinalização entre o músculo e o cérebro, que até agora não era conhecida.
Esta via de sinalização é uma das que determinam que quando uma pessoa se exercita tem o impulso de o fazer ainda mais.
Guadalupe Sabio explicou à agência EFE que, até então, não se sabia como os músculos controlam ou não a vontade de fazer exercício. Agora, os investigadores descobriram quais as proteínas ativadas para estimular a vontade de fazer atividades físicas.
Três proteínas-chave
Quando os músculos se contraem repetida e intensamente devido ao exercício, duas proteínas da mesma família – designadas por “p38α” e “p38γ” – são ativadas, e as duas regulam-se, pelo que o interesse em realizar atividade física é maior ou menos dependendo do quanto cada um está ativado.
Há ainda uma terceira proteína envolvida, a interleucina 15 (IL-15).
A ativação da “p38γ” devido ao exercício induz a produção de “IL-15” e os investigadores comprovaram que esta proteína tem um efeito direto na parte do córtex cerebral que controla o movimento e o seu aumento funciona como um sinal ao cérebro para aumentar a atividade motora, o que levou os animais a serem mais ativos voluntariamente.
Os resultados basearam-se em dados obtidos em animais e também em humanos – voluntários que realizaram exercício controlado e doentes com obesidade.
As conclusões sugerem que a via de sinalização identificada desempenha um papel crucial na regulação da atividade física tanto em animais como em pessoas e reforça a sua importância clínica, dada a conhecida relação entre os hábitos de exercício, a obesidade e as doenças metabólicas.
ZAP // Lusa