Descobertas mais de 100 pinturas paleolíticas numa caverna em Espanha

A Ruiz-Redondo/V Barciela/X Mart

Aitor Ruiz-Redondo ilumina a caverna parcialmente inundada onde foram encontradas as figuras rupestres

Um novo levantamento, realizado por invstigadores da Universidade de Southampton e Universidade de Saragoça, permitiu identificar mais de 100 pinturas paleolíticas na Cova Dones, uma gruta situada perto de Valência, Espanha.

Estas obras de arte, que os cientistas acreditam terem pelo menos 24.000 anos, enriquecem a já impressionante coleção espanhola de arte rupestre paleolítica, predominantemente no norte do país.

Trata-se da maior descoberta de grutas paleolíticas na Europa desde 2015, tornando Cova Dones “o mais importante sítio de arte rupestre paleolítica” até agora encontrado na costa leste da Península Ibérica.

Há cerca de dois anos, os arqueólogos tinham já identificado nesta caverna uma pintura de um auroque — um touro selvagem extinto.

Num novo estudo, a equipa do arqueólogo Aitor Ruiz-Redondo realizou um levantamento sistemático do interior da caverna — que permitiu desvendar a sua riqueza pictórica.

O arqueólogo espanhol compara a importância da descoberta, apresentada num artigo publicado este mês na revista Antiquity, à de locais emblemáticos na Cantábria, no sul de França e na Andaluzia.

Os motivos mostram predominantemente figuras animais, como corças, cavalos, auroques e veados. Uma característica notável das figuras descobertas é o método utilizado na sua criação.

Em vez do frequentemente observado óxido de ferro diluído ou manganês, a maioria das obras foi feita usando argila vermelha do chão da caverna, uma técnica raramente usada na arte paleolítica. Com o tempo, a calcite obscureceu parcialmente estes desenhos à base de argila, preservando-os.

Ruiz-Redondo / Barciela / Martorell

Algumas das figuras encontradas pela equipa de Aitor Ruiz-Redondo

“As imagens foram feitas arrastando mãos revestidas de argila nas paredes da caverna, e o ambiente húmido garantiu a sua longevidade”, explica Ruiz-Redondo em nota de imprensa publicada no site da Universidade de Southampton.

A equipa de arqueólogos espera que a sua descoberta, em particular as técnicas artísticas únicas agora identificadas, constitua um contributo importante para o estudo da arte rupestre na região.

“Esperamos que a documentação deste grande número de ‘pinturas em argila’ em Cova Dones nos leve a nós e a outras equipas a prestar mais atenção à presença deste tipo de pigmentos noutras grutas”, diz Ruiz-Redondo.

Esta é a segunda descoberta arqueológica significativa revelada em Espanha nas últimas semanas.

A semana passada, uma equipa de arqueólogos usou técnicas 3D para identificar pinturas de animais do Paleolítico que remontam a dezenas de milhares de anos na Gruta de La Pasiega, situada no norte de Espanha.

ZAP //

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