Cientistas transformaram arte rupestre em 3D e descobriram algo inesperado

Raquel Asiain/Pedro Saura

Pinturas rupestres encontradas em La Pasiega.

Arqueólogos fizeram uma descoberta notável na Gruta de La Pasiega, situada no norte de Espanha, revelando pinturas de animais do Paleolítico que remontam a dezenas de milhares de anos.

Anteriormente consideradas bidimensionais, estas obras de arte antigas foram agora reveladas em toda a sua glória tridimensional, utilizando uma técnica fotográfica inovadora.

A Caverna de La Pasiega tem mais de 700 pinturas nas suas paredes, originalmente descobertas por antropólogos em 1911. No entanto, só recentemente é que os cientistas se aperceberam que os artistas tinham incorporado os contornos naturais, as saliências, as depressões e as fendas das paredes da gruta nas suas criações, que são praticamente impossíveis de apreciar em duas dimensões.

Para tal, a equipa de investigadores utilizou uma técnica chamada fotografia estereoscópica, que utiliza duas imagens separadas para criar um efeito 3D.

“Os artistas jogavam com as luzes e sombras produzidas pelos volumes das paredes das grutas”, explicou Raquel Asiain, autora principal do estudo, citada pela Insider. Por exemplo, a formação natural de uma rocha pode definir o peito de um cavalo, um pormenor que passaria despercebido pelos desenhos ou esboços tradicionais em 2D.

Quando os cientistas viram os desenhos antigos em 3D, descobriram três novas figuras nas paredes das grutas que tinham escapado a observações anteriores. Entre estas figuras recém-descobertas estavam representações de dois cavalos e de uma espécie de gado extinta conhecida como auroque.

“Estas figuras estiveram sempre lá, mas possivelmente a forma de as estudar manteve-as escondidas”, sublinhou Asiain.

A revelação mais surpreendente desta descoberta foi a evolução das técnicas dos artistas ao longo do tempo. Os desenhos mais recentes incorporaram as características naturais da rocha de forma mais extensiva, exigindo apenas algumas linhas adicionais pintadas para capturar os contornos dos animais.

Embora as mensagens ou os objetivos exatos destes desenhos permaneçam um mistério, Asiain acredita que os artistas eram movidos por uma busca de beleza nas suas criações. Os resultados do estudo foram publicados em agosto na revista científica Antiquity.

ZAP //

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