/

Aconteceu uma “desclassificação estranha” em Bragança

15

Jorge Guerreiro / Wikimedia

Castelo de Bragança

Castelo de Bragança foi um dos monumentos desclassificados pelo Ministério da Cultura. Câmara Municipal nem sabia de nada.

Monumentos e bens imóveis de interesse público e cultural, em Bragança, deixaram de ser imóveis de interesse nacional.

A decisão foi tomada na semana passada, em Conselho de Ministros – mas a Câmara Municipal de Bragança não sabia.

Por isso, a autarquia acha “estranha” e “lamentável” esta decisão, reage num comunicado enviado ao ZAP.

Foram desclassificados o Castelo de Bragança, a Domus Municipalis e o edifício de interesse público do Museu Regional Abade de Baçal; deixam de ser locais de interesse nacional e interesse público, passando a interesse municipal.

A Câmara reforça que não sabia que esta alteração ia ser concretizada: “A nossa primeira reacção é de incredulidade pelo facto de o município não ter sido auscultado na tomada de decisão, que exclui do processo os seus principais interessados: os municípios e os munícipes”.

Entre os critérios para serem incluídos na lista de interesse nacional, estão, entre outros: o interesse do bem como testemunho notável de vivências ou factos históricos; a extensão do bem e o que nela se reflete do ponto de vista da memória coletiva; a conceção arquitetónica, urbanística e paisagística.

“É para nós inquestionável que os nossos monumentos cumprem esses critérios”, salienta a Câmara Municipal de Bragança.

A autarquia também lamenta o facto de nem saber que iriam ser criadas duas entidades: a Museus e Monumentos de Portugal e Instituto Público Património Cultural. A primeira em Lisboa, a segunda no Porto.

“Nada disto foi trabalhado com o Município de Bragança, transparecendo, mais uma vez, a excessiva litoralização das infraestruturas, continuando a denotar-se a tendência centralista com que o governo socialista tem olhado para o território”.

“A coesão territorial é apenas letra morta na hora das decisões, constituindo esta visão, em nosso entender, uma prática em que, invariavelmente setenta por cento do território parece não existir para S. Bento”, lê-se na nota da Câmara de Bragança.

A autarquia transmontana vai “exigir que o Governo recue na intenção manifestada de desclassificação dos monumentos e equipamentos culturais”.

ZAP //

15 Comments

  1. Decisões de betinhos dos gabinetes de Lisboa, só pode! Sempre a sofrerem overdoses de ignorância. Na verdade, eles é que deviam ser desclassificados!

  2. Um ministro da cultura, mas vesgo de cultura. Será que alguma vez esteve em Bragança? É uma parvoice do Governo.

  3. «…Um poder político regional, mais próximo das Autarquias e dos Cidadãos e com as competências que o Estado lhe deve transferir, é bem diferente no maior acesso a que está ao alcance, é mais pressionável com legitimidade pelos Cidadãos e pelas Autarquias Locais – até porque eleitoralmente mais controlado por Estes – do que uma governação centralizada, distante e praticamente inacessível, cujos titulares quase ninguém sabe quem são, mesmo quando em eleições. Não há comparação entre o acesso de um Cidadão e de um Autarca ao poder regional e ao poder central. …» – Alberto João Jardim in «A Tomada da Bastilha»

  4. Ficamos atónitos com estes critérios, se é que houve algum critério de base cultural . O Castelo de Bragança e a Domus Municipalis não são, na realidade, um património Nacional qualquer, daí a sua anterior classificação. Mas, ora lá: a este património não podem chegar os milhões do PRR!!!

  5. Mudam -se os tempos, Mudam-se as vontades . Pergunto quem é este iluminado, será que tem a quarta classe e se sabe a história de Portugal e devo lembrar que Portugal pequeno dividiu o mundo com Espanha. Podia dizer muita coisa mas podia ser entendido como um ataque a gente que se acha poderosa. Por isso devo dizer que em Portugal ainda há gente com valores, podem estar afastados da política, também não vou dizer porquê, no entanto devo lembrar que Portugal não é só Lisboa ou Porto, o interior tem sido palco de roubo histórico com conivência dos seus autarcas desde a adesão ao euro.

  6. Ainda não vi qualquer justificação para estes actos de lesa património.
    Pode-se meter uma acção contra estes agentes provocadores?
    Se o Castelo de Bragança cai, porque não cai também o da colina de S. Jorge?
    É o que dá ter tachos no governo, só para incompetentes.

  7. É muito triste ver ao ponto a que chegámos!
    Mais uma vez somos esquecidos por estarmos no interior , não no litoral.
    Mentes pequenas, a de estas “ pessoas” .
    A cidade de Bragança é sinónimo de tradição, valores e cultura. Já dizia Miguel Torga: “ Trás-os-Montes, fica no cimo de Portugal, como os ninhos ficam no cimo das árvores para que a distância os torne mais impossíveis e apetecidos”.

  8. O problema não é a desclassificação, pois rapidamente se muda de opinião,l e se volta a classificar. O problema reside no modo unilateral como se fez e na criação de duas entidades: a Museus e Monumentos de Portugal e Instituto Público Património Cultural, para gerir o património deste cantinho à beira mar plantado!

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.