Dermatologista do Santa Maria ganhou 51 mil euros num só dia com trabalho extra. MP investiga

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Ivendrell / Wikimedia

Hospital de Santa Maria, em Lisboa

O médico ter-se-á aproveitado do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), que serve para reduzir as listas de espera através de incentivos financeiros para os médicos.

Um dermatologista do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, está sob investigação após ter recebido cerca de 400 mil euros em apenas 10 dias de trabalho suplementar durante 2024, segundo revelou uma investigação da TVI.

No dia mais lucrativo, Miguel Alpalhão chegou a auferir mais de 51 mil euros através do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), o mecanismo criado para reduzir listas de espera em hospitais públicos.

As cirurgias realizadas eram, na maioria, procedimentos simples como a remoção de quistos e sinais benignos, com duração média de apenas 10 minutos. Apesar disso, foram classificadas como “cirurgias do ambulatório”, uma categoria que requer a presença de anestesista e monitorização, o que, segundo a reportagem televisiva, não se verificou.

Para garantir o acesso ao regime extra de cirurgias, o regulamento interno exige que os médicos façam duas cirurgias regulares por cada procedimento SIGIC. No entanto, Miguel Alpalhão, que era também responsável pela codificação dos procedimentos, controlava diretamente a entrada e validação das intervenções, levantando dúvidas sobre a honestidade do processo.

O possível conflito de interesses terá sido ainda maior no final de 2023, quando o médico utilizou o SIGIC para realizar cirurgias aos próprios pais, avança a CNN Portugal. Carlos Martins, presidente do Hospital de Santa Maria, mostrou-se surpreendido com o caso, que classificou como “inadmissível“, suspendendo de imediato as cirurgias ao abrigo do SIGIC ao fim de semana e ordenando uma auditoria interna.

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) e a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) foram chamadas a intervir, embora a ACSS tenha dito não ter competência para auditar casos como este.

Em declarações à TVI, a jornalista Cátia Esteves, que conduziu a investigação, avança que este caso não é isolado e há relatos de situações semelhantes noutros hospitais. “Nunca ninguém olhou para isto, nunca ninguém olhou para o próprio sistema informático, que é frágil e que permite que haja erros deste tipo. E outra coisa que é a codificação, que é uma área muito específica da medicina, e foi aí também que detetei alguns erros: por exemplo, a simples diferença entre pequena cirurgia e cirurgia do ambulatório”, explica.

O Ministério Público já pediu informações ao hospital e está a analisar o caso. Enquanto isso, o hospital promete reforçar os mecanismos de controlo e recuperar o dinheiro pago indevidamente. “Quem recebeu indevidamente vai ter de devolver o dinheiro”, garantiu Carlos Martins.

ZAP //

17 Comments

  1. Das duas uma, ou é um dos 3 melhores dermatologistas do mundo, ou então um dos 3 mais espertos.
    Inclino-me mais para a segunda hipótese já que Portugal é um país de gente muito esperta.

  2. F….! Também quero! “nunca ninguém olhou para o próprio sistema informático” claro que não, se alguém já tivesse olhado estaria na rua, é incompatível com a harmonia do local de trabalho…

  3. Em 2014/15 o orçamento de estado para a Saúde era menos de metade (cerca de 8 mil milhões), do que é agora mais de 17 mil milhões. E o “estado da saúde” no SNS era muito melhor do que é agora…mais uma herança do sr Costa e continuada pelo sr LMontemilhões… Portugal a saque.

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  4. Os “Democratas” Socialistas andam aqui a lixar o Povo há 50 Anos.
    Grande Conquista de Abril, no final é só ladroes a encherem os bolsos com o Dinehiro do Povo.

  5. Dermatologia é das “especialidades” mais desejadas pelos senhores “doutores” (que entraram em Medicina com média de 20 dada nos colégios privados…). Porque será?

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  6. A estrutura do SNS abana por todo o lado. Não há rei nem roque. Não há ninguém que consiga que esta estrutura pesadíssima tenha a eficácioa desejada. É assim desde o seu início. E são já cerca de 4 milhões de pessoas que usam o privado, para que possam resolcer de imediato os seu problemas de saúde. Está na altura de resolver de vez este enorme problema. Reduzi a estrurua do SNS para 60% e passar 40% para o privado e setor social (pagando o utente 10% das consultas, exames e tratamentos). Só assim será possível resolver os problemas de saúde de toda a população portuguesa, de forma urgente, sem listas de espera.

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  7. Que diz a sindicalista Joana Bordalo desta situação?
    E o Bastonário da OM?
    Pululam nos Hospitais verdadeiros mercadores da saúde!
    Estes srs. estudaram à custa dos nossos impostos. Valem-se de serem únicos.

  8. Que diz a sr.ª Joana Bordalo desta situação?
    E o sr. Bastonário da OM?
    Pululam nos Hospitais verdadeiros mercadores da saúde!
    Estes srs. estudaram à custa dos nossos impostos. Valem-se de serem únicos.
    É um escândalo!

  9. É “inadmíssivel” sr. vigarista Martins! Tem toda a razão ! O sr. trama uma fraude desta dimensão e ninguém dá por isso!!! As vezes o público compensa! Quer dizer o estado, que somos nós os contribuintes, financiou gratuitamente o seu curso e em vez de você estar a trabalhar para pagar as prestações do seu empréstimo, como acontece nos EUA, resolve cobrar juros proibitivos ao seu benfeitor! O sr é um verdadeiro usurário!!! Tenha vergonha! Deu-lhe jeito que a anterior admnistração do HSM tenha sido corrida não foi? O caso do seu colega que corria o país de lés a lés tem algumas semelhanças com o seu mas nunca mais ninguém ouviu falar dele! É estranho que a ministra se demarque de toda esta manobra para estrangular o SNS e atribua culpas a outros.

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