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Der Spiegel analisa mandato de Costa e compara estabilidade portuguesa à “aldeia de Astérix”

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Mário Cruz / Lusa

A revista alemã Der Spiegel” dedica um artigo à avaliação do mandato do executivo do “simpático Senhor Costa” e à “receita” da governação do “socialista confiável”, como lhe chama no título, comparando a estabilidade portuguesa à aldeia de Astérix.

“Parece estar sempre de bom humor, com uma visão ligeiramente irónica, através dos seus olhos castanhos escuros, atrás dos seus óculos sem armação”, começa o texto publicado na última edição da revista.

O simpático ‘Senhor Costa’, com o seu governo de minoria socialista, tolerado pelos comunistas e pelos bloquistas, resistiu durante quatro anos — um feito que dificilmente alguém esperaria que ele atingisse”, por ler-se no texto publicado a duas semanas das eleições legislativas em Portugal.

“Enquanto em Espanha, o país já foi a votos mais vezes do que aquelas que foi governado, Costa concretizou um mandato bem-sucedido e quer ser reeleito a 6 de outubro. As suas hipóteses de ser escolhido são altas, com sondagens a indicarem 38% dos votos, mais do que os conseguidos há quatro anos”, refere, acrescentando que a única questão é perceber se chegará à maioria absoluta.

O artigo recorda que quando António Costa chegou ao poder, em 2015, o clima social do país era marcado pelas exigências da ‘troika’, formada pelo Banco Central Europeu, o Fundo Monetário Internacional e a Comissão Europeia, em troca de um empréstimo de 78 mil milhões de euros.

“Desde então, Costa provou ser um dos poucos socialistas na União Europeia que conseguiu mitigar a austeridade, gerar crescimento e ainda atender às condições do Pacto de Estabilidade e Crescimento”, pode ler-se na “Der Spiegel”, publicada no fim-de-semana.

Das origens de António Costa, à entrada na Juventude Socialista, aos 14 anos, os estudos em direito, o trabalho ao lado de Jorge Sampaio, passando pelos cargos ministeriais que ocupou, o mais recente como responsável da pasta da Administração Interna no governo de José Sócrates, o texto de duas páginas percorre os momentos mais marcantes da vida do atual primeiro ministro.

Apesar de comparar o país à “aldeia de Astérix” na península ibérica, no que respeita a estabilidade, o texto descreve também as contestações sociais que o país tem sido alvo.

“Desde o início do ano, professores, enfermeiros e médicos têm estado em greve por salários mais altos e melhores condições. Quando os condutores de pesados pararam, no verão, o primeiro-ministro usou a força policial e militar para garantir combustíveis nas estações de serviço. A oposição acusou a atitude de ilegítima, mas milhões de turistas ficaram agradecidos”, descreve o texto.

A “Der Spiegel” compara as ações de pré-campanha que foram levadas a cabo por António Costa e pelo seu “principal concorrente” Rui Rio.

Durante o périplo do candidato do Partido Socialista pela Estrada Nacional 2, durante a qual António Costa passou por várias localidades ao longo de 700 quilómetros, “as pessoas tiveram oportunidade de expressar as suas preocupações diretamente: escolas superlotadas, tribunais sobrecarregados e elevados tempos de espera na saúde.”

Rui Rio prefere apresentar-se em salas fechadas diante de um público selecionado. Embora o PSD tenha recebido o maior número de votos há quatro anos, não conseguiu formar governo, perdendo agora eleitorado”, destaca o artigo.

O primeiro-ministro que “conseguiu recuperar a confiança dos portugueses” assiste ao crescimento da economia, desde 2016, a 2%, acima da média, também graças a um “boom” no turismo, explica o texto, atribuindo mérito ao ministro das Finanças, Mário Centeno, formado em Harvard e que já trabalhou no Banco de Portugal.

“Ele manteve o curso das políticas económicas do governo anterior, cedendo à esquerda em alguns aspetos: salário mínimo, reformas e ordenados dos funcionários públicos para transmitir que a era da austeridade tinha terminado. Ao mesmo tempo, reduziu a despesa pública”, salienta o artigo, sublinhando que a “recuperação económica se deve sobretudo ao clima económico favorável”.

É também com a ajuda de Centeno, segundo a publicação, que António Costa, que arriscou ao formar um pacto com as esquerdas, consegue aumentar o número de eleitores.

Até Wolfgand Schäuble (ministro das finanças alemão entre 2009 e 2017), que “inicialmente desconfiava do colega” considerou Centeno o “Ronaldo” do Eurogrupo.

Costa garante que “se uma crise internacional acontecer, o país está preparado”, realça o texto, prometendo “dez mil milhões de euros em investimentos em ferrovias, estradas, escolas e hospitais. Apesar disso, sem aumentar o défice.”

// Lusa

15 Comments

  1. Mais vale uma Aldeia de Asterix do que Campos de concentração nazi.. Os alemães são só um povo que devia era estar bem caladinho.. Resolvam os problemas que tem dentro de casa antes de se acharem com moral para falar dos outros.

      • Não ligues ao que o Fofo diz e faz.
        Hoje diz uma coisa, amanhã o seu contrário.
        De manhã faz uma coligação, à tarde manda duas ou três facadas nas costas dos parceiros e acaba com ela.
        Com esse gajo vale tudo menos arrancar olhos e ainda bota um sorrisinho só para parecer que não dói…

      • Nem a ele, nem ao Costa, nem a nenhum… Eu nem sequer voto em branco, tal é a confiança que tenho nessas pessoas, não vão eles, às escondidas, colocar uma cruz onde lhes apetece.

      • Muitos deram a própria VIDA para que nós agora possamos votar…
        A Senhora, se tiver mais de 18 anos, deveria voluntariar-se para uma mesa de voto e ficar a perceber, por dentro, o respeito com que os boletins de voto são tratados em Portugal.

      • Não votar em branco não significa não votar. Tenho votado sempre desde 1976. Tenho, por isso, mais de 18 anos e sou do sexo masculino. E vivi alguns anos na ditadura, os suficientes para, já naquela altura, quase no seu final, em 1973 e início de 74, me opor a ela. Daí a ter de confiar nas pessoas vai uma passada. Aliás, a última vez que confiei nos portugueses (devia estar distraído), foi quando contribuí com um donativo para as vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande.

      • “…a última vez que confiei nos portugueses (devia estar distraído…)”
        Ui… cuidado com as generalizações!…
        Os portugueses são mais de 10 milhões e, tal como de todas as outras nacionalidades, há “portugueses” e “portugueses”!!
        Além disso, não houve problemas com a grande maioria dos donativos de Pedrogão, que ajudaram muita gente. Mas claro que, como sempre, os casos que correram mal é que são massivamente noticiados (e bem, mas também se deveria noticiar o que correu bem)!…

  2. Os jornalistas do Der Spiegel devem ter sido afectados pelos vapores do Verão ou então são incompetentes e tendênciosos, o que não seria a primeira vez, quanto as pessoas que aqui vivem e quanto ao nosso País. Será lobby nornalistico? Será só ignorância?

  3. As recomendações vindas da Madeira por parte do PS local e não só era de que seria útil terminar com a maioria do PSD porque segundo eles isso não é benéfico, ora agora cabe-nos a nós evitarmos que o PS nacional chegue a tal maioria para não corrermos o risco de sairmos defraudados.

  4. Der Spiegel, só tendênciosos ou lobbystas. Já reportaram montes de asneiras. Deve ser os vapores de verão. Quanto aos devaneios de votações é simples;
    Em 1968, com 9 anos já eu queimava caixotes dos fogões “Leão”cheios de votações clandestinas, daquilo que mais tarde veio dar origem ao MDP/CDE. Só falhei umas eleições, porque não estava cá. Na minha freguesia tinha 2 informadores Da PIDE. Avante a federação Europeia ou fim da EU.

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