Programa de intervenção psicológica criado por investigadores da Universidade de Coimbra tem impactos positivos na depressão pós-parto.
Chama-se Be a Mom e é uma intervenção online criada no âmbito do projecto de investigação “Be a Mom Trial – um programa de intervenção psicológica online para promover a saúde mental materna: resultados de eficácia e compreensão de mecanismos de mudança em mulheres de alto-risco e de baixo-risco para depressão pós-parto”.
Foi criado por investigadores da Universidade de Coimbra e este programa de intervenção psicológica online é para tentar prevenir a (muito frequente) depressão pós-parto.
A ferramenta centra-se na promoção da saúde mental materna e é um programa auto-guiado, composto por cinco módulos: mudanças na maternidade e emoções; pensamentos; valores e relações com os outros; relação de casal; sinais de alerta e balanço final.
Tem ainda informação psico-educativa em diferentes formatos e com exercícios personalizados.
Até agora, demonstrou ter impactos positivos na vida das cerca de 1500 mulheres que participaram no estudo randomizado de avaliação da eficácia.
Houve consequências positivas na regulação emocional e na auto-compaixão em mulheres que apresentavam maior risco para desenvolver depressão pós-parto.
Reduziu a sintomatologia depressiva e ansiosa, tendo também impactado positivamente a saúde mental em mães com menor propensão para a depressão pós-parto.
O projecto envolveu dois grupos: mulheres que apresentavam mais factores de risco (pouco apoio social, historial de depressão ou ansiedade, ou alguma complicação de saúde durante a gravidez/parto ou com o bebé) e mulheres que demonstravam menores factores de risco para o desenvolvimento de depressão pós-parto.
O primeiro grupo, composto por 1053 mulheres com factores de risco, foi dividido em dois subgrupos: um com mulheres que utilizaram o “Be a Mom” e outro composto por mulheres que não utilizaram a ferramenta.
Quem utilizou, apresentou uma redução significativa de sintomas de ansiedade e de depressão durante e após a utilização do programa, bem como uma melhoria significativa na sua capacidade de regulação emocional, na flexibilidade psicológica e na auto-compaixão.
Para quem não utilizou, as mudanças da sintomatologia depressiva foram pequenas ou, em alguns casos, inexistentes, tendo revelado apenas melhorias na auto-compaixão, embora cerca de cinco vezes menos quando comparado com as utilizadoras do “Be a Mom”.
O segundo grupo, com 367 mulheres com menos factores de risco de repressão, teve a mesma divisão.
Quem utilizou, registou um grande aumento na saúde mental positiva, no bem-estar psicológico e social, e na satisfação com a vida.
Quem não utilizou, apenas 9% apresentaram melhorias na saúde mental.
A grande maioria das participantes (85%) recomendaria o programa a outras mulheres; 76,5% voltaria a utilizar o “Be a Mom”, se necessário.
Ana Fonseca, responsável pelo programa, lembra que “promover a saúde mental nas mães também se reflecte positivamente no desenvolvimento e bem-estar da criança”.
“Os dados internacionais sugerem que a depressão pós-parto afecta uma em cada sete mulheres e, para responder a este problema de saúde pública, é necessário que existam intervenções efectivas que estejam acessíveis para todas as mulheres e, neste caso, as ferramentas online são de grande importância”, continuou a investigadora da Universidade de Coimbra.
E pode afectar qualquer mulher durante a maternidade.