Departamento de Justiça emite 40 intimações sobre a tentativa de Trump de reverter a vitória de Biden

Michael Reynolds / EPA

Dois conselheiros próximos de Trump tiveram inclusivamente os seus telemóveis confiscados. As intimações também são relativas às actividades do comité “Save America”, que angaria fundos para a campanha de Trump.

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos emitiu cerca de 40 intimações na última semana relativas à investigação sobre as tentativas de Donald Trump e os seus aliados de reverter os resultados das presidenciais de 2020.

De acordo com o The New York Times, o conselheiro de longa data de Trump, Boris Epshteyn, e Mike Roman, que foi um dos cérebros da campanha do ex-Presidente, tiveram os seus telemóveis confiscados por agentes federais com um mandado autorizado por um tribunal. Tanto Epshteyn como Roman terá sido fundamentais para o esforço de nomear listas de eleitores prometidas a Trump em estados decisivos vencidos por Joe Biden.

O ex-director das redes sociais de Donald Trump, Dan Scavino, também está entre os intimados, cujos nomes têm sido divulgados aos poucos. Bernard B. Kerik, ex-comissário da polícia de Nova Iorque, também está na lista, já que promoveu, com o amigo Rudy Giuliani (ex-autarca de Nova Iorque e advogado pessoal de Trump) as acusações de fraude eleitoral.

As intimações procuram recolher informações sobre o plano dos eleitores falsos, sobre o ataque ao Capitólio levado a cabo por apoiantes de Trump a 6 de Janeiro de 2021 e também sobre as actividades do comité político “Save America”, fundado pelo ex-Presidente já após a sua saída da Casa Branca, que tem como objectivo angariar fundos para Trump e os seus aliados políticos.

Estas intimações são assim um sinal de que o Departamento de Justiça está a adoptar uma postura mais dura com Trump, depois de o procurador-geral Merrick Garland ter sido acusado de estar a ser demasiado brando com o ex-Presidente, mesmo após as acusações graves feitas nas audiências da comissão parlamentar da Câmara dos Representantes que está a investigar o ataque ao Capitólio.

Em causa estava a divulgação de um memorando onde Garland segurou uma política de Bill Barr, o procurador-geral nomeado por Trump, que lhe dava poder de bloqueio a qualquer investigação a um candidato presidencial — algo que muitos opositores de Trump interpretaram como um sinal de que não iria investigar o ex-Presidente, já que este já deu a entender que se vai recandidatar à Casa Branca em 2024.

Para além desta investigação à tentativa de golpe, Trump tem outros problemas com a justiça por ter levado documentos confidenciais do Governo para a sua residência pessoal na Flórida, incluindo ficheiros sobre armas nucleares, o que motivou a busca sem precedentes do FBI à sua casa há um mês.

Há ainda suspeitas de fraude fiscal na Trump Organization e um executivo de longa data da empresa já se declarou culpado no caso, tendo concordado em testemunhar contra a firma após chegar a um acordo de delação premiada com as autoridades.

Adriana Peixoto, ZAP //

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