Hugo Delgado / Lusa

As situações mais perigosas juntam as temperaturas elevadas com a humidade. Os limites que o corpo humano aguenta são mais baixos do que se pensa.
As ondas de calor estão a tornar-se mais fortes com as alterações climáticas — duram mais tempo, são mais frequentes e são mais quentes. Uma questão que muitas pessoas se perguntam é: “Quando é que vai ser demasiado quente para a atividade quotidiana normal como a conhecemos, mesmo para adultos jovens e saudáveis?”
A resposta vai além da temperatura e está relacionada com a humidade. Um novo estudo mostra que a combinação dos dois fatores pode ser perigosa mais rapidamente do que os cientistas acreditavam anteriormente.
Cientistas têm ficado alarmados com o aumento da frequência desta combinação, medida como “temperatura de humidade“.
Frequentemente se aponta para um estudo publicado em 2010 que estimou que uma temperatura de humidade de 35.ºC seria o limite máximo para a segurança para além do qual o corpo humano já não se consegue arrefecer ao evaporar suor da superfície do corpo para manter uma temperatura estável.
O Projeto PSU H.E.A.T
Para responderem à pergunta, os cientistas levaram homens e mulheres jovens e saudáveis até ao Laboratório Noll na Universidade da Pensilvânia para testarem o stress do calor num ambiente controlado.
Estas experiências dão pistas sobre quais as combinações da temperatura e da humidade começam a ser prejudiciais até para os humanos mais saudáveis.
Cada participante engoliu um pequeno comprimido telemétrico, que monitorizou a sua temperatura interna. Sentaram-se depois numa câmara onde se mexeram apenas o suficiente para simularem as atividades mínimas do quotidiano, como cozinhar e comer.
Os investigadores aumentaram lentamente a temperatura ou a humidade na câmara e monitorizaram quando a temperatura interna dos participantes começou a subir — o limite ambiental crítico. Abaixo desses limites, o corpo consegue manter uma temperatura interna relativamente estável ao longo do tempo. Acima desses limites, a temperatura interna sobe continuamente e o risco de doenças relacionadas com o calor com exposições prolongadas aumenta.
Quando o corpo sobreaquece, o coração tem de trabalhar mais para bombear o sangue até à pele para dissipa o calor e quando suamos, perdemos fluidos corporais. No caso mais grave, a exposição prolongada pode causar um golpe de calor, um problema que coloca a vida em risco e exige um arrefecimento rápido e tratamento médico.
O estudo concluiu que este limite é abaixo dos 35.ºC e que é antes uma temperatura de humidade de 31.ºC. Isso equivale a 31.ºC a 100% de humidade ou 38.ºC a 60% de humidade.
As ondas de calor atuais estão a aproximar-se, e até a exceder, estes limites. Nos ambientes quentes e secos, os limites críticos não são definidos pela temperatura de humidade, porque quase todo o suor que o corpo produz evapora, o que arrefece o corpo. No entanto, a quantidade de suor que os humanos podem produzir pode ser limitada, e também podemos ficar mais quentes por causa das temperaturas do ar mais altas.
Estes limites são baseados apenas no impedimento da temperatura corporal subir excessivamente. Mesmo as temperaturas mais baixas e a humidade podem colocar o coração e outros sistemas sob stress.
Os especialistas recomendam beber muita água para continuarmos hidratados e procurar áreas onde possamos arrefecer, mesmo por períodos curtos.
ZAP // The Conversation
Sinais dos tempos, que ao cíclicos..
Poderiam por favor escrever em português?
Temperatura tem a ver com a agitação das moléculas e humidade (relativa) com quantidade de água (na forma de vapor).
Com a expressão: “… uma temperatura de humidade de 31.ºC” querem dizer o quê?