Português entre delegação de diplomatas atacada por Israel em Jenin

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Alaa Badarneh / EPA

Diplomatas português e brasileiro entre as duas dezenas de diplomatas enviados à Cisjordânia atacados por tiros disparados contra a equipa.

Pelo menos um diplomata português e outro brasileiro estavam entre uma delegação de embaixadores que foi alvo de disparos do exército israelita esta quarta-feira em Jenin, na Cisjordânia ocupada, reportou a agência noticiosa palestiniana WAFA, adiantando que ninguém ficou ferido.

Israel admitiu que foram disparados tiros de aviso após um grupo internacional de mais de 20 diplomatas se ter “desviado da rota aprovada” na visita a Jenin, entrando “numa zona onde não estava autorizada a estar”, e “lamentou o incómodo causado”.

Segundo a Autoridade Palestiniana, o grupo de diplomatas encontrava-se em missão oficial para observar a situação humanitária na cidade da Cisjordânia ocupada quando se ouviram tiros, concretamente, estavam junto à entrada do campo de refugiados de Jenin.

Uma fonte dos serviços de segurança israelita disse ao portal i24News que foi “um mau incidente que não devia ter acontecido”. O exército israelita anunciou ainda que irá dialogar com os diplomatas “em breve”.

A WAFA, que cita o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana, partilhou imagens dos ataques, que tiveram como objetivo “intimidar”, nas quais se veem pelo menos dois israelitas fardados a disparar na direção de um grupo de pessoas que estavam a dar entrevistas.

A Lusa contactou o Ministério dos Negócios Estrangeiros português para confirmar o sucedido e este adiantou que na delegação de diplomatas estava o chefe de missão diplomática em Ramallah, Frederico Nascimento, que se encontra a salvo.

A agência palestiniana referiu que além dos diplomatas português e brasileiro, figuravam na delegação representantes da União Europeia (UE), Áustria, Bulgária, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Itália, Lituânia, Polónia, Reino Unido, Roménia, Rússia, Turquia, China, Canadá, México, Índia, Japão, Sri Lanka, Egito, Jordânia e Marrocos, bem como um número indeterminado de diplomatas de outros países.

UE pede investigação

Entretanto, a chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, apelou a Telavive para investigar os disparos contra os diplomatas. “Apelamos a Israel para que investigue este incidente e também para que responsabilize os responsáveis.”

Qualquer ameaça à vida de diplomatas é “inaceitável”, declarou a alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, numa conferência de imprensa realizada à margem da reunião dos chefes da diplomacia do bloco europeu e da União Africana, que decorre em Bruxelas.

Já o Ministério dos Negócios Estrangeiros português, através do X, condenou “liminarmente o ataque do exército israelita à comitiva diplomática”. O ministro Paulo Rangel “transmitiu toda a solidariedade ao Embaixador português que integrava a comitiva e tomará as medidas diplomáticas adequadas”.

Vídeos do incidente publicados pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana mostram dezenas de pessoas, incluindo fotógrafos, perto de um posto de controlo do exército em Jenin.

Os soldados são vistos a disparar para o ar e a rasar o campo de refugiados. Imediatamente depois, o grupo de diplomatas foge de volta para os carros.

“Era a última parte da visita e, de repente, ouvimos tiros vindos do campo de refugiados de Jenin”, disse um diplomata à AFP, sob anonimato. “Não foi apenas uma ou duas vezes. Foram tiros repetidos. Isto é uma loucura. Não é normal”, acrescentou.

// Lusa

3 Comments

  1. “Qualquer ameaça à vida de diplomatas é “inaceitável”, declarou a alta representante da UE” se for palestiniano já deverá ser aceitável pois a UE ainda não condenou Israel como fez com a Rússia…

  2. O que o português tem que se meter lá naquele inferno? Se condenam os estrangeiros que cá estão, então não tem nada que ter ido fazer lá. Que tivesse ficado na aldeia dele.

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