Investigadores decifraram a mensagem inscrita numa tábua “amaldiçoada”, a mais antiga inscrição hebraica conhecida.
“E será que, havendo-te o Senhor, teu Deus, introduzido na terra, a que vais para possuí-la, então pronunciarás a bênção sobre o monte de Gerizim, e a maldição sobre o monte de Ebal” (Deuteronómio 11:29).
Nesta passagem bíblica, antes da entrada dos judeus na chamada “Terra Prometida”, Moisés aconselha os israelitas a lançarem a maldição sobre o monte Ebal. Acredita-se também que Josué tenha construído um altar nesse mesmo monte após a Batalha de Ai.
Agora, especialistas da Associates for Biblical Research (ABR) alegam ter decifrado uma antiga maldição de uma tábua de chumbo encontrada numas escavações no local, avança o jornal israelita Haaretz.
A tábua está inscrita com 40 letras hebraicas antigas. Uma datação preliminar sugere que é do final da Idade do Bronze, tendo mais de 3 mil anos. A confirmar-se, é o texto proto-hebraico mais antigo já alguma vez encontrado em Israel.
Na tradução de 23 palavras da inscrição, a palavra “maldição” aparece dez vezes e a palavra “YHWH”, o tetagrama que na Bíblia hebraica indica o nome próprio de Deus, aparece duas vezes, disse a Associates for Biblical Research (ABR), citada pelo The Jerusalem Post.
Se as alegações estiverem corretas, esta pequena tábua — com dois centímetros de largura e comprimento — pode ser vista como uma das maiores descobertas arqueológicas de todos os tempos, escreve o Israel Hayom.
O título não seria descabido. Afinal de contas, esta seria a prova do primeiro uso da palavra “O Senhor” na “Terra Prometida” e atrasaria a idade da alfabetização em vários séculos.
Os investigadores decifraram a mensagem completa que estava inscrita na tábua, podendo ler-se:
“Amaldiçoado, amaldiçoado, amaldiçoado — amaldiçoado pelo Deus YHWH.
Você vai morrer amaldiçoado.
Amaldiçoado você certamente morrerá.
Amaldiçoado por YHWH — amaldiçoado, amaldiçoado, amaldiçoado”.
Um investigador da Universidade de Haifa, em Israel, explicou que a estrutura literária sugeria que a mensagem foi escrita como um quiasmo, uma estrutura literária conhecida nos Salmos com frases consecutivas em que se repete a mesma estrutura gramatical.
“É preciso comer para viver e não viver para comer” é um exemplo popular de um quiasmo.
A descoberta apoia a ideia de que os israelitas eram alfabetos quando entraram em Israel e poderão até ter escrito a Bíblia.