Europeias: o primeiro dia de frente-a-frente teve Playstation e cata-vento

1

bloco_de_esquerda / Flickr

Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, nos estúdios da SIC

Catarina Martins, Bloco de Esquerda

Francisco Paupério vs. Tânger Corrêa. Catarina Martins vs. Pedro Fidalgo Marques. Os quatro junto ao microfone radiofónico.

As eleições europeias não têm debates televisivos com apenas dois candidatos. Têm sido quatro em cada programa.

Mas na rádio, começaram nesta quarta-feira os frente-a-frente. Apenas dois candidatos em cada debate.

Serão sete, todos na rádio Observador. O primeiro juntou no estúdio Francisco Paupério, do Livre, e António Tânger Corrêa, do Chega.

As reparações às ex-colónias foram o primeiro assunto. E serviram para Paupério dizer logo: “Não sei que Tânger tenho hoje pela frente”. O candidato do Livre tinha defendido o diálogo, o candidato do Chega – que é contra qualquer reparação – disse que a União Europeia deve melhorar a relação com África, ter essa iniciativa. “Como é que isso se faz?. Não sei que Tânger tenho hoje pela frente”, interrompeu Paupério.

O Chega não quer que os portugueses sejam “cidadãos de Bruxelas, mas sim cidadãos de Portugal”, quando repete o reforço da soberania nacional. O Livre quer maior integração europeia, mas com regras fiscais harmonizadas e com críticas aos paraísos fiscais.

Na imigração, Tânger Corrêa repetiu a ideia de que não deve haver “portas escancaradas”. “Nunca houve”, disse Paupério, que destacou o caso dos ucranianos “bem integrados pela sociedade”. O candidato do Livre salientou que fechar portas aos imigrantes só iria aumentar os crimes dos mafiosos.

Em relação à guerra em Gaza, Francisco Paupério lamentou: “Temos dois pesos e duas medidas. Bruxelas está a ser muito branda com Israel”, comparando com as reacções europeias quando a Rússia invadiu a Ucrânia. António Tânger Corrêa acha que “os conflitos não devem ser tratados de forma simplista”.

Já na parte final do debate, o candidato do Chega foi questionado sobre o grupo europeu onde o partido se vai inserir depois de 9 de Junho: “Vamos ver o que as eleições dão em termos de distribuição pelas famílias políticas”. Fernando Paupério analisou esta resposta: “Se isto não é um cata-vento, não sei o que isto diz sobre o Chega. Neste momento, quem vota no Chega não sabe se vai para a extrema-direita ou para os conservadores. Está tudo dito”.

Playstation na guerra

Horas depois, Catarina Martins (BE) esteve em debate com Pedro Fidalgo Marques (PAN).

A Playstation marcou o início da conversa, quando a candidata do Bloco de Esquerda falava sobre a guerra na Ucrânia: “Era bom pormos mais possibilidades de pé no chão. Com tropas da NATO, estamos a dizer que passa a ser um conflito entre potências nucleares. É uma irresponsabilidade. Há muita gente que fala da guerra como se estivesse a jogar Playstation”.

No mesmo tópico, o cabeça-de-lista do PAN assegura que enviar militares da União Europeia “não está em cima da mesa”, mesmo a médio prazo; e, por isso, são só especulações sobre algo que não deverá acontecer, nem está a ser discutido “nos meios diplomáticos”.

Em Israel, acordo entre os dois: o que está a acontecer é um “genocídio” e Portugal deveria receber estudantes e professores israelitas e palestinianos. “Mas só podem vir se estiverem vivos. Primeiro precisamos de garantir que pára o genocídio. Não vamos discutir intercâmbios no meio de um genocídio”, avisou Catarina.

Na economia, Fidalgo Marques salienta que “é preciso pensar se faz sentido continuar a massacrar e pôr o ónus todos nas famílias” e defende que o Banco Central Europeu e a União Europeia deveriam investir mais em habitação pública. O Bloco insiste que a Caixa Geral de Depósitos deveria mexer com o mercado ao baixar os juros: “É o mercado a funcionar e o acionista a dar instruções ao seu banco” – disse Catarina Martins, que acusa o Banco Central Europeu de estar “contra as pessoas” ao subir as taxas directoras.

Catarina Martins deixou uma crítica ao PAN sobre… o ambiente. Alega que o partido não tem seguido os seus princípios ambientais nas ilhas, ao estar ao lado do Chega nos Açores e a permitir um Governo de Miguel Albuquerque na Madeira. Pedro Fidalgo Marques contestou: o PAN “foi o responsável por travar a extrema direita” na Madeira e por “aprovar projectos que a população necessitava e, quando foi preciso tirar o tapete (ao PSD), tirou”.

Marta Temido não vai participar em nenhum debate. A candidata do PS não quis.

ZAP //

1 Comment

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.