De excedente a défice excessivo “é um instantinho”. Mas “não há desculpa” para fugir a reformas

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Tiago Petinga / Lusa

O ex-ministro das Finanças, Fernando Medina

O ex-ministro das Finanças, Fernando Medina, critica o PSD por ter “prometido tudo a todos” durante a campanha e avisa que passar de excedente orçamental a défice excessivo “é um instantinho”. Mas, diz o coordenador da UTAO, Rui Nuno Baleiras, “o governo não tem desculpas para não fazer reformas.

Em entrevista ao Observador, o antigo ministro das Finanças Fernando Medina considera que o PSD apresentou na campanha eleitoral com um “programa irrealizável sem comprometer a sustentabilidade das finanças públicas” e suportado em projeções económicas que são “demasiado otimistas”.

Segundo o ex-ministro , as novas medidas prometidas por Luís Montenegro têm um custo de “cerca de 7,2 mil milhões de euros” — mais do dobro do histórico Excedente Orçamental de 3.2 mil milhões deixado por António Costa, que entretanto caiu 1,5 mil milhões.

“A questão das projeções económicas, ao contrário do que o PSD diz, não é uma questão de confiança ou de fé na economia”, dia Fernando Medina.

“Dizer que daqui a dois anos, por um processo de baixa de impostos, por magia, Portugal passa a crescer o dobro do que é a média do que todas as instituições preveem para o nosso país, está no domínio da fezada”.

Não se pode governar um país na base da fezada”, afirma Medina.

O antigo ministro das Finanças alerta que, numa eventual situação de défice orçamental e de abrandamento da economia, “Portugal ficaria fora de pé”. Passar de um país que tem um excedente para um país que tem uma situação de procedimento de défice excessivo “é um instantinho”, salienta Medina.

Governo não tem desculpas

O governo “não tem desculpa para não fazer reformas” que acabem com os baixos salários, considera o coordenador da UTAO, Rui Nuno Baleiras.

Em entrevista à Renascença, o economista considera que “este é o melhor momento da economia nacional em 50 anos” e que nem a maioria relativa é desculpa para o executivo, que está “obrigado a reformar o processo produtivo” e a acabar com a política de baixos salários.

Segundo o responsável da UTAO, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, “já não tem as desculpas que os governos sempre tiveram no passado, com os défices externos ou o desequilíbrio das contas públicas, para não fazer as reformas que ajudem a mudar o modelo de desenvolvimento português”.

“Pela primeira vez temos praticamente em equilíbrio as três grandes equações macroeconómicas: o equilíbrio interno, com o mercado de trabalho e a estabilidade de preços para lá caminhamos; temos o desequilíbrio externo equilibrado, a balança de pagamentos é positiva há vários anos; e as contas públicas, temos vindo de uma trajetória de consolidação orçamental”, explica Rui Nuno Baleiras.

No entanto, salienta o coordenador da UTAO, o novo ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, terá de definir prioridades dentro das prioridades, porque “é imperativo que mantenha o equilíbrio orçamental e garanta que a dívida pública continua a descer”.

ZAP //

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