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Cura mortal. Equipa descobre cloreto de mercúrio em remédios usados pelo mestre da medicina do século XIX

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Kyoko Takahashi

Uma equipa de investigadores estava a estudar a mala de medicamentos do médico japonês Ogata Koan, que viveu na era Edo, quando descobriu um veneno suficientemente forte para matar.

Ogata Koan foi um importante médico japonês do século XIX, tornando-se defensor da medicina ocidental no Japão.

O médico é conhecido por ter sido mestre em patologia de doenças e por ter fundado uma academia de tecnologia e medicina ocidental que viria a ser a Universidade de Osaka.

Contudo, quando estavam a analisar a sua antiga mala de medicamentos, os especialistas encontraram um velho frasco de vidro que continha um misterioso pó branco.

Posteriormente, a equipa descobriu que a substância no frasco era cloreto de mercúrio, que, segundo os investigadores, não era usado apenas como medicamento para tratar a constipação, mas também para tratar a sífilis e outras doenças, sendo que era “altamente venenoso”.

Cura mortal

Os cientistas da Universidade de Osaka analisaram os frascos de vidro antigos, que foram recuperados do kit médico de Ogata Koan, com muões.

O muão é uma partícula elementar classificada como leptão e, da mesma forma que o eletrão, possui uma carga elétrica, embora tenha uma massa muito maior.

Esta partícula não tem subestrutura e pode ser disparada através do vidro, produzindo diferentes tipos de luz do lado oposto.

Assim, o frasco antigo foi analisado com muões e, graças a essa tecnologia, a equipa de cientistas conseguiu confirmar que o pó branco era de facto cloreto de mercúrio.

De acordo com um artigo do Daily Mail, o misterioso pó branco foi encontrado na caixa de remédios de madeira do médico junto com outras 21 garrafas de vidro que continham medicamentos não identificados. Acredita-se que os frascos eram usados durante visitas domiciliares.

Segundo Asahi Shimbun, que liderou o novo estudo, embora o cloreto de mercúrio fosse um remédio comum no século XIX, por ser “usado para tratar úlceras”, também era utilizado para tratar a sífilis.

Na época, o remédio era popularmente conhecido como sais de mercúrio branco, pelo que não é surpreendente que o tenham encontrado na caixa de remédios de Ogata Koan.

No entanto, na natureza, muitas vezes o que pode curar também pode matar. O cloreto de mercúrio é também uma substância altamente tóxica.

Dependendo da forma como o produto químico era absorvido – fosse engolido, inalado, injetado ou esfregado na pele – os efeitos colaterais podiam aparecer muito rapidamente e causar dor de estômago, vómitos ou a sensação de ser queimado na garganta e boca. Nos casos mais graves acabava mesmo por causar a morte.

A co-autora do estudo, Kyoko Takahashi, disse ao Ancient Origins que, embora o cloreto de mercúrio não seja usado na medicina por si só, foi misturado com outras substâncias medicinais para tratar pacientes que sofrem de derrames e sintomas de reumatismo.

Hoje em dia, a substância já não é usada devido à sua toxicidade.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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