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Cuidados intensivos atingem recorde em França. Venezuela decreta “quarentena radical”

Caroline Blumberg / EPA

França atingiu um novo recorde de internados nos cuidados intensivos. Enquanto isso, a Venezuela decretou um “confinamento radical” e o Brasil está próximo da marca dos 300 mil mortos por covid-19.

França registou este domingo 138 mortes por covid-19 e atingiu um novo recorde, no que se refere a internamentos em cuidados intensivos em 2021, com 4.406 doentes, indicaram as autoridades de saúde.

Depois de vários dias sem publicar os dados, devido a problemas informáticos, a atualização deste domingo situa o número total de vítimas pelo novo coronavírus em França em 92.102. O número de infeções em França teve um ligeiro aumento, com 178.223 novos casos na última semana.

Esse aumento teve repercussões nos hospitais, que atingiram números recorde nas unidades de cuidados intensivos e no total de camas em algumas regiões.

Nas últimas 24 horas, França registou 389 internamentos hospitalares, dos quais 53 em cuidados intensivos, totalizando 25.926 camas ocupadas por doentes com o novo coronavírus.

O número de camas de cuidados intensivos aproxima-se do pico da segunda vaga em novembro passado, quando atingiu 5.000, estando ainda longe dos mais de 7.000 registados em abril passado.

O governo francês aumentou as restrições em 16 departamentos, que estavam confinados, incluindo a região de Paris e a região de Hauts de France, no norte da França.

Maduro decreta “quarentena radical”

A Venezuela estará em “quarentena radical” até depois da Páscoa, para tentar travar a propagação local da variante do vírus da covid-19 detetada no Brasil, anunciou no domingo o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

“A Semana Santa deste ano será de quarentena radical. Iniciámos duas semanas contínuas de quarentena radical”, disse Maduro numa alocução televisiva.

O anúncio ocorre quando os números oficiais de infetados registam uma subida constante, atribuída à segunda onda da covid-19 no país.

Maduro pediu aos responsáveis pelos programas de prevenção e de atenção médica estatal que “se ativem com força” para travar a expansão do coronavírus.

“Monitorizar o cumprimento da quarentena radical, minimizar a mobilidade da população, evitar concentrações massivas de pessoas, reduzir as atividades bancárias, reativar os filtros sanitários em atividades essenciais (alimentação, saúde, telecomunicações), desinfetar áreas de surtos ativos, centros de saúde e hospitais, e higienizar veículos de transporte público”, foram algumas das suas ordens.

Maduro atribuiu o aumento de casos no país à propagação local das variantes P1 (encontrada em Manaus) e P2 (detetada no Rio de Janeiro) e ao relaxamento das medidas de biossegurança pela população.

“Falamos de um coronavírus mais perigoso. A variante brasileira da covid-19 está levando o país ao ponto que se tinha em março de 2020, porque tem uma maior carga viral”, disse.

Segundo Maduro, a “Venezuela enfrenta uma nova ameaça, devido à sua extensa fronteira com o Brasil” e, por isso, a necessidade de reforçar as medidas.

“Essa variante aumentou o número de infeções e também de mortes. Tivemos uma média de quatro mortes por dia e agora são oito mortes por dia, e pode crescer”, disse, alertando que “as variantes do Brasil estão colapsando o sistema de saúde”.

Maduro anunciou que “até novo aviso”, não haverá aulas presenciais na Venezuela. “Manteremos o sistema educativo através das tele-aulas, de maneira televisiva, pela Internet, por videoconferência”, disse.

Na Venezuela, estão oficialmente confirmados 150.306 casos da covid-19, desde o início da pandemia, em março de 2020. Há 1.483 mortes associadas ao novo coronavírus e 140.239 pessoas recuperaram da doença.

O país está em estado de alerta desde 12 de fevereiro de 2020, e Nicolás Maduro ordenou um “cerco sanitário” na cidade de Caracas e nos estados de Miranda, La Guaira e Bolívar, devido ao aumento de casos de pessoas infetadas com a variante do novo coronavírus detetada no Brasil.

Segundo a Associação Capital de Clínicas e Hospitais (ACCH), as áreas de hospitalização e isolamento e de terapia intensiva de 11 clínicas privadas da cidade de Caracas estão a registar entre “95% e 100%” de ocupação de pacientes diagnosticados com a covid-19.

Em 6 de março, Nicolás Maduro e a sua mulher, Cília Flores, receberam a primeira dose da vacina russa Sputnik V contra o coronavírus SARS-CoV-2.

A Venezuela recebeu, em 2 de março, meio milhão de doses de vacinas da farmacêutica estatal chinesa Sinopharm contra a covid-19 e em 13 de fevereiro, recebeu as primeiras 100 mil doses da vacina russa.

Segundo a Academia Nacional de Medicina da Venezuela, o país necessita de 30 milhões de vacinas para imunizar 15 milhões de pessoas, 3,5 milhões de maneira prioritária.

Brasil próximo das 300 mil mortes

O Brasil registou 1.290 mortes associadas à covid-19 em 24 horas, elevando o número total de óbitos para 294.092, informou o Governo que também recebeu o primeiro lote de vacinas no mecanismo internacional Covax.

O Ministério da Saúde brasileiro disse ainda no seu boletim diário que há a registar 47.774 novos casos de coronavírus, contabilizando assim um total de 11.998.233 infeções desde o início da pandemia.

O Brasil é o segundo país com mais casos e mortes por coronavírus, apenas ultrapassado pelos Estados Unidos, apesar de atualmente ocupar o primeiro lugar em números diários de infetados e mortes.

O país enfrenta uma segunda vaga mais virulenta e mortal em comparação com o primeiro surto, agravada pela circulação de variantes consideradas mais transmissíveis e com a quase totalidade dos estados brasileiros próximos do colapso sanitário.

Esta foi a primeira vez, nos últimos seis dias, que o número diário de mortes associadas à doença é inferior a 2400, apesar de as estatísticas do fim de semana serem geralmente inferiores devido à menor atividade dos serviços públicos.

No entanto, esta regra não se cumpriu no sábado, quando foram registados 2438 óbitos, num reflexo da gravidade da situação.

ZAP // Lusa

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