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Cientistas explicam porque é que os crocodilos mudaram tão pouco desde o tempo dos dinossauros

Uma equipa de cientistas da Universidade de Bristol, no Reino Unido, concluiu que os crocodilos mudaram muito pouco desde o tempo dos dinossauros devido a um padrão evolutivo lento, que ainda assim lhes atribuiu versatilidade suficiente para se adaptarem às mudanças ambientais dos últimos milhões de anos.

Os crocodilos que hoje vivem na Terra são muito semelhantes aos do Período Jurássico, há 200 milhões de anos, enquanto outros animais, como lagartos e pássaros, atingiram a diversidade de muitos milhares de espécies, num período de tempo semelhante ou até inferior.

Em comunicado, a equipa explica que estas diferenças podem ser justificadas por um padrão evolutivo stop-start nos crocodilos, que é conhecido como “equilíbrio pontuado”.

De acordo com o novo estudo, cujos resultados foram recentemente publicados na revista científica Communications Biology, a taxa de evolução destes animais é, por norma, lenta, mas, ocasionalmente, os crocodilos evoluem rapidamente porque o seu ambiente mudou.

Especificamente, o estudo sugere que o ritmo da evolução acelera quando o clima está mais quente, fazendo com que o corpo do animal aumente.

“A nossa análise recorreu a um algoritmo de machine learning para estimar as taxas de evolução. A taxa evolutiva reflete a quantidade de mudanças que ocorreram durante um determinado período de tempo, que fomos capazes de calcular comparando as medições de fósseis e tendo em conta as suas idades”, começou por explicar Max Stockdale, cientista da Escola de Ciências Geográficas da Universidade de Bristol e autor principal do estudo.

“Medimos o tamanho do corpo – o que é importante porque está relacionado com a velocidade de crescimento dos animais – a quantidade de comida de que precisa, o tamanho das suas populações e a probabilidade de extinção”, continuou.

Os resultados demonstraram que a diversidade limitada de crocodilos e a sua aparente falta de evolução é fruto de uma lenta taxa de evolução. De acordo com os cientistas, os crocodilos atingiram um plano corporal eficiente e versátil o suficiente ao ponto de não precisarem de o alterar de forma mais ritmada para sobreviver.

Esta mesma versatilidade pode explicar porque é que os crocodilos sobreviveram ao impacto do asteróide que matou os dinossauros e 70% de todas as espécies da Terra no final do Cretáceo, há cerca de 65 milhões de anos.

Os cientistas observam ainda que os crocodilos se desenvolvem melhor em condições quentes, uma vez que não conseguem controlar a temperatura do corpo e precisam do calor do ambiente para se regularem – são os chamados animais de “sangue frio”.

No tempo dos dinossauros, o clima era muito mais quente do que é agora, podendo esta diferença explicar porque é que existiam muitas mais espécies de crocodilos nesse período. Ser capaz de extrair energia do Sol significa que estes répteis não precisam de tanto alimento como um animal de sangue quente, como uma ave ou mamífero.

“É fascinante observar: há uma relação tão intrincada entre a Terra e os seres vivos com os quais a partilhamos. Os crocodilos ‘caíram’ num estado de vida versátil o suficiente para se adaptarem às enormes mudanças ambientais que ocorreram desde o tempo em que os dinossauros existiam”, rematou Stockdale.

No futuro, a equipa de cientistas da Universidade de Bristol pretende descobrir porque é que alguns crocodilos pré-históricos morreram e outros não.

Sara Silva Alves, ZAP //

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