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Um painel de críticos elegeu o melhor filme de sempre (e é praticamente desconhecido)

Mario De Munck / Wikimedia

Um filme realizado por Chantal Akerman foi eleito o melhor de todos os tempos por um grupo de especialistas.

Jeanne Dielman (título original: Jeanne Dielman, 23 quai du Commerce, 1080 Bruxelles), realizado por Chantal Akerman, liderou a votação Sight and Sound do British Film Institute.

É a primeira vez que uma obra realizada por uma mulher chega ao top 10 — a pesquisa, realizada a cada década, foi criticada no passado pela falta de diversidade.

O topo do ranking foi mantido por 40 anos por Citizen Kane, de Orson Welles. Em 2012, filme de Welles foi superado por A Mulher que Viveu Duas Vezes (Vertigo, no título original), de Alfred Hitchcock.

Jeanne Dielman, lançado em 1975, é a história de uma viúva belga que se prostitui para sobreviver, mas mata um dos seus clientes. O filme dura quase três horas e meia.

Embora não seja tão conhecido fora do mundo da crítica de cinema quanto os vencedores anteriores, foi elogiado como uma “obra-prima” e uma peça inovadora do cinema feminista.

Chantal Akerman, a diretora belga, morreu em 2015 aos 65 anos.

Lillian Crawford, crítica de cinema e escritora que contribuiu para a votação, disse que o filme era o “texto essencial” no cinema feminista.

“Jeanne Dielman não é um filme que eu recomendaria a alguém que está a entrar no mundo do cinema como ‘este é o primeiro filme que é obrigatório ver‘”, disse à BBC.

“Acho que se você vai assistir aos filmes da lista, talvez seja melhor fazer isso na ordem inversa e construindo um caminho em direção a este filme, porque é um pedido e tanto convidar as pessoas para ver isso. Mas no sentido académico, pensando no cinema, e encorajando mais pessoas a procurar filmes experimentais, filmes de mulheres, e em termos de história do cinema feminista, este é com certeza o tipo de texto fundamental.”

Num artigo para o British Film Institute, Laura Mulvey, professora de estudos de cinema na Birkbeck University (Inglaterra), chamou a votação de uma “revolução repentina”.

“As coisas nunca mais serão as mesmas“, escreveu.

A pesquisa é realizada pela revista Sight and Sound, do British Film Institute, a cada dez anos, desde 1952.

A lista já enfrentou críticas no passado por falta de diversidade tanto dos especialistas consultados como dos filmes escolhidos.

Em 2012, Jeanne Dielman foi um dos dois únicos filmes dirigidos por mulheres que entraram na lista, além de uma obra de um diretor negro — Touki Bouki, de Djibril Diop Mambéty.

Ao longo dos anos, o número e a diversidade de pessoas consultadas aumentaram. Este ano, 1.639 críticos, programadores, curadores, arquivistas e acadêmicos foram convidados a escolher seus dez melhores filmes.

O vencedor da última vez, A Mulher que Viveu Duas Vezes, conquistou o segundo lugar, enquanto Cidadão Kane foi o terceiro.

Tokyo Story, de Yasujirō Ozu ficou em quarto lugar, seguido por In the Mood for Love, de Wong Kar Wai, em quinto lugar.

ZAP // BBC

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