Críticos da direção do Bloco abandonam reunião em protesto contra listas de deputados

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Manuel Fernando Araújo / Lusa

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins

Os elementos das moções E e N abandonaram a reunião da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda este domingo, mesmo antes das votações, em protesto por aquilo que consideram ser uma “votação anti-estatutária” de listas às eleições legislativas.

Em causa, segundo o semanário Expresso, está a escolha da cabeça de lista que o Bloco irá apresentar à Assembleia da República pelo círculo de Santarém (lugar considerado elegível).

Há uma semana, as listas foram votadas em plenários distritais e a distrital de Santarém votou maioritariamente o nome de Ana Sofia Ligeiro, que faz parte do movimento Convergência.

Porém, a última palavra cabe sempre à Mesa Nacional, que optou por manter o corpo parlamentar, salvo algumas exceções, e assim voltar a candidatar a parlamentar eleita pelo círculo em 2019, Fabíola Cardoso.

Os elementos da moção E abandonaram a sala, bem como os da moção N, mesmo antes da votação. Ao todo, saíram 22 bloquistas, acrescenta o jornal.

Em comunicado, os membros eleitos pela moção E disseram que “recusam participar numa proposta viciada de ilegalidade e exigiram a retirada da lista B por Santarém, versada na proposta a sufrágio na Mesa Nacional”, segundo o qual “votar numa proposta desta natureza é ser conivente com o incumprimento estatutário e é rasgar a democracia interna”.

Catarina Martins reage a críticos internos

Na conferência de imprensa após a Mesa Nacional, que aprovou o programa eleitoral e as listas do partido às legislativas, Catarina Martins referiu-se ao “episódio diferente do costume” neste órgão do partido.

“Os aderentes são chamados a fazer propostas que são trazidas à Mesa Nacional. É assim que nós temos trabalhado desde sempre e os nossos estatutos preveem que a Mesa Nacional se debruce sobre as propostas que vêm das assembleias distritais e votem em alternativa outras propostas. Sempre foi assim, tem sido assim ao longo de toda a vida do BE”, assegurou.

De acordo com a líder bloquista, “houve um grupo de aderentes que entendeu que devia ser impedida a votação em alternativa entre as propostas que vieram das distritais e propostas que fossem apresentadas por dirigentes da Mesa Nacional ou pela Comissão Política”.

Essa proposta foi chumbada, a Mesa Nacional decidiu fazer o que faz sempre: votar todas as propostas que vêm dos plenários distritais e, quando é caso disso, votar em alternativa outras propostas que sejam feitas por pessoas que estão presentes na Mesa Nacional e da Comissão Política. Mantivemos o método de votação de sempre e esses camaradas decidiram não participar na votação”, relatou.

Depois desta intervenção inicial e questionada pelos jornalistas sobre se entendia que este episódio manchava as decisões sobre programa e listas, Catarina Martins não se quis alongar em mais declarações, sublinhando apenas que “há uma larguíssima maioria no BE”.

“O programa foi muito participado, as listas foram muito participadas e de facto não houve nenhuma divergência nova no seio do BE”, desvalorizou.

Apesar da saída dos elementos destas moções críticas da direção, a coordenadora do BE assegurou que se manteve “uma enorme representação da Mesa Nacional”, 70% deste órgão nacional, tendo sido realizadas “as votações com toda a normalidade”.

De acordo com Catarina Martins, o BE apresentou listas “que são diversas e que são plurais” e que “representam as várias sensibilidades” do partido.

“Mas um grupo parlamentar deve sobretudo ter aquelas vozes que podem fazer a diferença na atividade setorial e que são representantes em todo o país das lutas do BE”, defendeu, afirmando “muito para lá das sensibilidades” bloquistas, a opção recaiu sobre quempodem ser as vozes nas áreas fundamentais e juntar nomes independentes”.

ZAP // Lusa

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